Império Bizantino (ou Império Romano do Oriente)



IMPÉRIO BIZANTINO

(476 a 1.453 d.C.) O Império Romano do Oriente, ou império bizantino, manteve-se poderoso ao longo de um milênio, depois da queda de Roma. Síntese de componentes latinos, gregos, orientais e cristãos, a civilização bizantina constituiu, durante toda a Idade Média européia, o principal baluarte da cristandade contra a expansão muçulmana, e preservou para a cultura universal grande parte dos conhecimentos do mundo antigo, sobretudo o direito romano, fonte das normas jurídicas contemporâneas, e a literatura grega. O império bizantino teve origem no ano 330, quando o imperador Constantinus I fundou Constantinopla, na região da colônia grega de Bizâncio (referente a Bizas, fundador lendário da cidade). A intenção de Constantinus I era criar uma segunda capital romana para defender as fronteiras orientais do império dos ataques de Persas, eslavos e demais povos limítrofes. A posição estratégica – entre a Europa e a Ásia e na rota dos estreitos que permitiam o comércio entre o mar Negro e o Mediterrâneo – converteu Constantinopla, a partir do século V, no único centro político e administrativo do império. Originalmente, portanto, já se juntavam a parte oriental do antigo império romano e algumas possessões africanas, sobretudo o Egito. Em termos oficiais, o império constituiu-se após a morte de Theodosius I, ocorrida no ano 395. O mundo romano foi então dividido entre seus filhos Arcadius e Honorius. O primeiro recebeu a região oriental, que compreendia os territórios situados entre a fronteira natural do Danúbio e o Egito. A leste, suas possessões se limitavam com a Arábia e o império persa; a oeste, o território bizantino fazia fronteira com a Dalmácia, na Europa, e com a Cirenaica, na África. A subida de Arcadius ao poder, em 395, coincidiu com uma série de problemas no império, relacionados com a influência dos germanos na administração e no exército. Embora Arcadius reinasse sobre a pars orientalis, o império mantinha a unidade formal sob a hegemonia política de Roma. O sucessor de Arcadius foi Theodosius II (408-450), que em 425 criou a Escola Superior de Constantinopla, centro dedicado ao estudo de diversas matérias como a gramática e a retórica gregas e latinas, a filosofia e o direito. Também realizou uma compilação de leis conhecida como Codex Theodosianus. Theodosius II construiu as muralhas de Constantinopla, com o que a capital adquiriu grande capacidade defensiva. Depois de sua morte, assumiu o poder Marcianus (450-457), que enfrentou numerosos problemas religiosos. No Concílio de Calcedônia, em 451, condenou-se a heresia monofisita, que defendia ter Cristo uma única natureza, e impôs-se o pensamento religioso ortodoxo, que teve o apoio do imperador Leon I, sagrado em 457, derrotado pelos vândalos no norte da África e assassinado em 474. No mesmo ano sucedeu-lhe Leon II, logo substituído por Zeno (474-491), que desde 476, depois da extinção do Império Romano do Ocidente, ficou como único imperador. Zeno teve que enfrentar dois importantes problemas: as querelas religiosas e as rivalidades entre a corte e o exército. Depois de desbaratar uma intriga palaciana que pretendia derrubá-lo – por um golpe de estado, Basiliscus chegou a ocupar o trono entre 475 e 476 – em vista dos problemas religiosos foi obrigado a publicar um edito de união para evitar as cisões verificadas dentro do império, especialmente na Síria e no Egito. Anastacius I (491-518), estadista enérgico e inteligente, foi o primeiro imperador que viu assomar o perigo dos árabes, enquanto lutava contra os búlgaros e os citas. Em 506 foi obrigado a firmar um tratado de paz com a Pérsia para recuperar as cidades perdidas durante o conflito que se desencadeara entre os dois estados.

A política religiosa de Anastacius caracterizou-se pelo apoio aos monofisitas e, no aspecto fiscal, suas reformas produziram um crescimento do tesouro imperial. Após o reinado de Justinus I (518-527), homem incapacitado para o governo, subiu ao poder em 527 Justinianus I, um dos maiores imperadores da história bizantina. Justinianus, que havia adquirido experiência política durante o reinado de seu predecessor, tentou recuperar para Constantinopla a antiga grandeza da Roma imperial. Ajudado por seus generais Belisarius e Narses, conquistou dos vândalos o norte da África, dos Ostrogodos a península italiana e dos Visigodos parte da Espanha. Também combateu a Pérsia em várias ocasiões, com diferentes resultados. Durante a época de Justinianus realizou-se a maior compilação do direito romano, conhecida como Corpus iuris civilis, obra em que se destacou o jurista Tribonianus. O texto constava de quatro partes; Codex Justinianus, Digesto ou Pandectas, Institutiones e Novelas. Justinianus morreu em 565, depois de haver conseguido uma efêmera ampliação territorial do império e de promover uma renovação jurídica, mas tendo submetido os cofres do estado a um enorme esforço, de que custaria a se recuperar. No aspecto religioso, o imperador obrigou todos os pagãos a batizarem-se e buscou uma política de unificação entre católicos e monofisitas. Depois de um período em que diversos imperadores enfrentaram a Pérsia e os bárbaros nos Balcãs, subiu ao trono Heraclius I (610-641), que instituiu o grego como língua oficial. Apesar da vitória contra os persas, o império bizantino não pôde evitar a progressiva debilitação de seu poderio ante o avanço dos eslavos, no ocidente, e dos árabes, no oriente. Heraclius dividiu o império em distritos militares guarnecidos por soldados estabelecidos como colonos. A partir de 641, pode-se falar de um império helenizado e orientalizado. Os sucessores de Heraclius, os heráclidas, perderam a Síria, a Armênia, a Mesopotâmia, o Egito e o norte da África diante da incontrolável força do Islã, enquanto a Itália caía nas mãos dos lombardos e os búlgaros e eslavos penetravam na península balcânica. Os esforços para deter os árabes foram recompensados com a vitória, em 718, diante das muralhas de Constantinopla. A dinastia isauriana subiu ao poder em 717 com Leon III, artífice da vitória contra os árabes. As desavenças religiosas conhecidas pelo nome de lutas iconoclastas marcaram esse período. A difusão das superstições e o culto às imagens ameaçaram a estabilidade religiosa do império, mas Leon III conseguiu, mediante a publicação de um edito, proibir a idolatria. O papa Gregorius III excomungou os iconoclastas, o que motivou a ruptura do imperador com Roma em 731. Os sucessores de Leon III deram continuidade à política religiosa de perseguição aos iconólatras (adoradores de imagens) até que, em 787, a imperatriz Irene convocou um concílio em Nicéia para restaurar esse culto. A deposição de Irene por Niceforus I (802-811) inaugurou um período de insegurança e desordem durante o qual o império bizantino estabeleceu contatos com Carlos Magno, na intenção de restaurar a unidade do Império Romano. A dinastia macedônica, fundada por Basílio I (867-886), conseguiu recuperar o poderio de Constantinopla e elevou o nível econômico e cultural do império. Os titulares dessa dinastia, de origem armênio-eslava, foram grandes legisladores e administradores. Deve-se a eles a codificação da lei bizantina em língua grega. Os esforços de Romanus I Lecapenus, de Niceforus II Focas e de Basilius II no sentido de recuperar os territórios perdidos para o Islã viram-se recompensados pelas sucessivas vitórias que reconquistaram a Síria, Jerusalém e Creta. Durante esse período produziu-se a conversão da Rússia ao cristianismo (989) e consumou-se o cisma da igreja do oriente em relação a Roma (1054). Com a morte do último imperador macedônico, iniciou-se o primeiro período da dinastia dos Comnenos, que aproveitaram as cruzadas para tentar a recuperação dos territórios perdidos. O segundo período, depois da dinastia Ducas, começou com Aleixus I (1081-1118), imperador experiente nas guerras fronteiriças, que lutou contra o normando Roberto Guiscardo, a quem derrotou, e contra os turcos. Com Manuel I (1143-1180) recrudesceram os ataques turcos e o imperador viu-se obrigado a construir numerosas fortificações ao longo das fronteiras do império, o que produziu uma crise econômica. Manuel I em 1176 foi derrotado pelos turcos seldjúcidas. Com os últimos Comnenos, a crise alcançou proporções insustentáveis, principalmente sob o reinado de Andronicus I (1183-1185). Os normandos em 1185 penetraram em Tessalonica, o que foi aproveitado pela aristocracia bizantina para colocar no trono Isaac II Angelus (1185-1195), primeiro imperador da dinastia dos Ângelos, durante a qual o império entrou em decadência irrecuperável. A rivalidade com as repúblicas italianas pelo domínio comercial no Mediterrâneo produziu grave crise econômica. Tal situação, aliada à pressão dos turcos, que conquistaram a Síria e Jerusalém, e à formação do segundo império búlgaro com a conseqüente perda da Croácia, da Sérvia e da Dalmácia, levou os imperadores a tentarem recuperar o estado. Contudo, a quarta cruzada, desviando-se de seus propósitos religiosos, interferiu nos assuntos internos bizantinos e não permitiu essa recuperação. Muito ao contrário, beneficiando-se de uma crise sucessória, os cruzados tomaram a cidade de Constantinopla em 1203, e restabeleceram Isaac II no trono, nomeando Aleixo IV co-imperador. Depois de uma revolta que depôs esses dois, em 1204 os cruzados novamente tomaram a cidade. Inaugurou-se assim o chamado império latino (1204-1261) com o reinado de Balduinus I. Os territórios foram então divididos entre os chefes da cruzada, formando-se os reinos independentes de Tessalonica, Trebizonda, Épiro e Nicéia. As lutas entre esses reinos pela supremacia e pelo domínio econômico da região não demoraram. Ao mesmo tempo, ocorriam ataques turcos e búlgaros, e os bizantinos tentavam recuperar seu império. Durante o reinado de Balduinus II, homem pouco capacitado para as questões políticas, os bizantinos retomaram o poder. Foi Miguel VIII Paleologus quem, no ano de 1261, se apoderou de Constantinopla, sem que houvesse nenhum enfrentamento bélico. A época dos Paleólogos significou um renascimento artístico e cultural em Constantinopla, embora tenha assistido à progressiva desintegração de seu império: os limites geográficos do território bizantino se reduziam ante o irrefreável avanço dos turcos otomanos, que se apoderaram das principais cidades gregas da Anatólia e conseguiram conquistar Galípoli (1354) e Adrianópolis (1362), o que ameaçou seriamente as possessões bizantinas da Tessalonica. Os sérvios, por sua vez, estenderam sua zona de influência à Albânia e ao norte da Macedônia, apesar de sua expansão ter sido contida em 1389, também pelo poderio turco. Em 1422, quase ao fim do reinado de Manuel II, os turcos sitiaram pela primeira vez Constantinopla e em 1430 ocuparam a Tessalonica. O novo imperador bizantino, João VIII Paleólogo, dispôs-se então a retomar as negociações para a união das igrejas Ortodoxa e Católica. A proposta foi levada ao Concílio de Florença, em 1439, e os ortodoxos por fim concordaram em submeter-se à autoridade de Roma. A união de Florença acorreu em ajuda ao império bizantino, mas em 1444 sofreu grave derrota em Varna. Esta foi a última tentativa por parte do Ocidente de salvar Constantinopla. Constantino XI Paleólogo foi o último imperador bizantino. Os turcos cortaram as comunicações de Constantinopla, isolando-a economicamente. Compreendendo o perigo que a cidade corria, o imperador quis restabelecer a unidade religiosa com Roma para que os ocidentais fossem em seu auxílio. Mas, apesar dessas desesperadas tentativas, o sultão otomano Mehmet II sitiou Constantinopla em abril de 1453 e em maio transpôs as muralhas da cidade. Em 1461, os últimos redutos bizantinos – o reino de Trebizonda e o regime despótico da Moréia – sucumbiram à pressão das tropas otomanas. Com a queda da gloriosa Constantinopla e dessas duas regiões, deixava de existir o império bizantino, cujos territórios ficaram submetidos ao domínio turco. Constantinopla, desde então, passaria a chamar-se Istambul. O império bizantino, herdeiro da tradição Helenística e romana, desenvolveu uma cultura de grande valor histórico, não só por seu trabalho de conservação e difusão daquela tradição, mas também pela criação de modelos próprios que haveriam de sobreviver na Grécia e na área de influência da Igreja Ortodoxa, depois da queda de Constantinopla. Além disso, a arte e a ciência da civilização bizantina exerceram enorme influência sobre a evolução cultural européia, sobretudo depois da queda de Constantinopla, quando numerosos artistas e sábios emigraram para a Itália, onde seus conhecimentos contribuíram para desenvolver o processo Renascentista.

35 opiniões sobre “Império Bizantino (ou Império Romano do Oriente)”

  1. Concordo coontigo ”ELAINE CORRÊA”

    Euu estou fazendo uma pesquisa e não achei sobre a economia bizantina agora meu trabalho vai ficar incompleto !

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  2. Quais os motivos q levaram o imperio romano oriental a permanecer muito mais tempo em relação ao império romano ocidental?

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  3. vcs são um bando de preguiçoso que não sabe resumir….ou seja são um bando de burro.e outro o site só explica nã faz seu trabalho

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  4. rum , qer ser engraçado ér ?
    num sei qem vai ler isso tudo … qd chegar no meio do texto ja esqueceu tudo …

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