“A prevenção da obesidade infantil em Portugal é zero”


por ELISABETE SILVA

"A prevenção da obesidade infantil em Portugal é zero"

Presidente da sociedade portuguesa  para o estudo deste problema acusa o Governo de se preocupar mais com a gripe A do que com  o excesso de peso. No ano passado, a obesidade mórbida matou 1500 pessoas no País.

A prevenção da obesidade infantil em Portugal é zero.” A dura crítica é de Alberto Galvão Teles, que se mostra alarmado com os 30% de crianças pré- -obesas e obesas que existem no País. O presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade questiona as prioridades do Governo, que “está mais interessado em vender a vacina da gripe A” do que em apostar no combate ao problema.

“No ano passado morreram 1500 pessoas que sofriam de obesidade mórbida. Quantas faleceram de gripe A ? Oito. Para os obesos, não há dinheiro”, salientou ao DN.

A prevenção é vista como a forma mais eficaz de combater a obesidade infantil. “Não é com dietas ou com exercício que se combate. Tem de se apostar na prevenção”, realçou.

Porém, a lei que determina a presença de nutricionistas a acompanhar as crianças nas escolas não está a ser respeitada. Segundo dados da Associação Portuguesa de Nutricionistas, seis municípios não têm qualquer nutricionista e em alguns casos apenas existe um. Galvão Teles é céptico quanto à possibilidade de nesta legislatura a lei ser cumprida. “Fazer pressão. Eu já acreditei que ajudava a que se conseguisse fazer o necessário. Mas agora não. A lei só será cumprida se houver um lobby, contudo, para isso, é preciso dinheiro”.

Considerando esta doença como “uma das piores” epidemias, Galvão Teles não hesita em alertar que em causa está toda uma geração de adultos, pois a obesidade levará a outras doenças, como a diabetes ou problemas cardíacos.

João Breda, coordenador do Plano Nacional Contra a Obesidade, também não hesitou em considerar esta doença “uma epidemia que reduz a esperança de vida”.

No entanto, destacou que a prevenção nas escolas está a melhorar. “Os nutricionistas são sempre poucos, mas já existem 15. Claro que ainda há carências, mas melhorou bastante. O que está a ser feito segue as recomendações da Organização Mundial de Saúde”, disse.

João Breda dá como exemplo dos bons resultados, “o programa que é feito a nível local, pois é realizado de acordo com os problemas específicos de cada uma das autarquias”. Pode-se “falar numa redução de 10% na obesidade infantil e já se verifica uma mudança de mentalidade”, garante.

A médio prazo João Breda acredita que o combate à obesidade nas crianças vai demonstrar resultados, confirmando existir a previsão de que em 2015 o aumento de casos “começará a parar”.

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