EUA a caminho da recessão


As Nações Unidas estimam que o PIB mundial crescerá menos em 2011 e 2012 do que em 2010. Paul Krugman fala que vivemos uma “fase inicial de uma terceira depressão nos Estados Unidos”.

A economia mundial vai crescer em 2011 apenas 3,1% e em 2012 um pouco mais, 3,5%, taxas de crescimento anuais inferiores ao crescimento verificado em 2010 que se terá cifrado em 3,6%.

O que esta sucessão significa é que a economia mundial vai abrandar. E pode até ficar muito mais abaixo: o crescimento pode sofrer reveses e descer abaixo de 2%! Quem o diz hoje são as Nações Unidas, que divulgaram o seu relatório sobre a situação e perspetivas para a economia mundial em 2011.

Este abrandamento é derivado de dois fatores: a permanência de problemas estruturais nas economias desenvolvidas que impedem uma descolagem económica efetiva e o abrandamento também nos países em desenvolvimento e economias emergentes que crescerão apenas 6% entre 2011 e 2012 abaixo dos 7% de 2010.

Um ponto percentual a menos no crescimento do mundo em desenvolvimento e emergente tem um efeito dominó no PIB mundial, pois desde o 4º trimestre de 2009 que essa parte do globo contribui com mais de 50% da expansão da economia mundial.

A ONU admite inclusive que uma nova recessão poderá bater à porta da Europa, Estados Unidos e Japão.

Facilitismo monetário e estagflação

O pessimismo, entretanto, regressou à academia americana. Ronald McKinnon, da Universidade de Stanford, afirma que a economia da primeira potência mundial já entrou em estagflação, o palavrão de economês que significa que a economia vive uma mistura de estagnação económica com inflação e alto desemprego.

McKinnon salienta que o índice de preços dos produtos acabados – excluindo serviços e preços da habitação – aumentou 6,8% em abril e que o desemprego atingiu os 9%. O professor de Standard alertou para um padrão similar ao dos anos 1970: “A estagflação derivou de uma política monetária facilitista conjugada com tentativas de desvalorizar o dólar, o que levou à saída massiva de dinheiro quente que desestabilizou os sistemas monetários dos parceiros comerciais da América. Ainda que a estagflação de hoje não seja idêntica, as parecenças são chocantes”.

Krugmam: uma terceira longa depressão

Paul Krugman vai mesmo mais longe. “Temo que estejamos a viver a fase inicial de uma terceira depressão”, afirma o professor de Princeton, esta semana, na sua coluna “The Conscience of a Liberal” publicada no The New York Times.

O Nobel de Economia alvitra que poderemos estar a atravessar um período similar ao da longa depressão do século XIX, entremeado por alguns períodos de retoma que nunca conseguiram reparar o estrago inicial e que acabaram em recaídas.

Krugmam cita o economista Brad DeLong, da Universidade de Berkeley, que escreveu, esta semana, um post sugestivamente intitulado: “Time to Panic”. A razão do pânico nos Estados Unidos: não houve fecho do fosso (entre o crescimento real efetivo e o crescimento potencial) nos últimos seis trimestres desde o final de 2009, depois de uma recuperação desde o pico da recessão em 2008.

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