Nacionalização do BPN já custou 2,55 mil milhões

Começaram por ser 235 os milhões de euros injectados no BPN pela Caixa Geral de Depósitos, à data da nacionalização (Novembro de 2008). Mas este valor subiu para 315 milhões de euros nos dias seguintes. E, no final de 2008, a verba era já de 1,455 mil milhões de euros, tendo recentemente disparado para 2,55 mil milhões de euros, metade do capital social do banco. Francisco Louçã sublinha que estes números só reforçam o que já era óbvio: “a nacionalização foi uma decisão errada, feita à custa dos contribuintes”.

A revelação foi feita pelo próprio presidente do BPN e administrador da CGD Francisco Bandeira, durante a conferência de imprensa de apresentação das contas de 2008 do BPN. Nos últimos nove meses a Caixa Geral de Depósitos injectou no Banco Português de Negócios cerca de 2,55 mil milhões de euros, verba que equivale a mais de metade do seu capital social (4,5 mil milhões de euros). O BPN fechou 2008 com um “buraco” de 1,6 mil milhões de euros e um prejuízo superior a 570 milhões de euros.

Por sua vez, o vice-presidente, Norberto Rosa, observou que no final de 2007 existiam 6,855 mil milhões de euros de responsabilidades de crédito por contabilizar no balanço e que os fundos de investimento apresentavam um “buraco” de 206 milhões de euros. Já as aplicações em obras de arte estavam sobreavaliadas em 2,5 milhões de euros.

Os resultados mostram ainda que as imparidades de crédito atingiram o valor de 1,47 mil milhões de euros no ano passado, mais 47% que os mil milhões registados em 2007.

Francisco Bandeira, presidente do BPN, revelou ainda que, se o Estado concordar, a Caixa vai avançar com a venda do banco nacionalizado. Ou seja, à nacionalização temporária que injectou milhões dos contribuintes no banco, segue-se a privatização. Segundo as contas do Jornal de Negócios, o Estado nunca conseguirá vender o banco por mais de 500 milhões de euros, sendo obrigado a cobrir os restantes 1,1 milhões de euros do buraco financeiro do BPN.

Em declarações ao Esquerda.net, Francisco Louçã sublinhou que os dados apresentados mostram “as contas viciadas do banco”, destacando o escândalo dos “milhões em créditos concedidos fora do balanço”. E que a nacionalização foi “uma decisão errada”, dado que se entregou a parte lucrativa do banco aos accionistas enquanto foram esbanjados 2,5 mil milhões de euros dos contribuintes.

Fonte: Esquerda.net