Em 341 a.C. nasceu Epicuro, na ilha grega de Samos, e mais tarde nasce consigo a filosofia Epicurista, em causas e consequências de crises culturais dessa época.
Durante séculos duradouros tais filosofias se tornariam numa besta do cristianismo, e as difamações rapidamente se espalharam em cantos e recantos niilistas obcecados com dores e sofrimentos, com mortes e expurgações de males, necessária assim foi a criação de males divinos a combater, a própria Natureza Humana, inexistindo tais afrontas intelectuais e físicas rapidamente os deuses se prostrariam aos pés Humanos. Os “porcos de Epicuro”, assim se construiu um rótulo de importante referência cristã às filosofias libertárias, aos pensamentos humanistas, e seus seguidores e mentores, o Epicurismo serviu então de balde do lixo ao cristianismo, cómodo e facilmente demonizado em climas obscurantistas e de excelsa ignorância divina, do poço profundo onde residiu o Epicurismo se eleva a filosofia às luzes, e se descobrem hedonismos sublimes anteriores às catástrofes cristãs.
Construções de ateísmo moral e comportamentos de ateísmo prático, a elevação dos prazeres e das felicidades, a fuga aos sofrimentos e às tristezas, eis as mais simples bases de uma filosofia do Homem para o Homem.
Epicuro não nega os deuses, afirma-os, “os deuses existem e não se ocupam com os Homens“, deuses que não criaram o Universo, que não intervêm na vida dos Homens, que não lhes fornecem imortalidades, então deuses formais, despreocupados com as vidas terrenas e construtores dos seus próprios prazeres e felicidades.
Sem recompensas ou castigos, de nada servem ao Homem as bajulações divinas, as rezas, as buscas pelo sofrimento, de tudo quanto é perceptível em vidas se reveste a busca de prazer no Epicurismo pela busca de felicidade através da racionalidade, a vivência nos verdadeiros prazeres terrenos que apenas o conhecimento consegue conferir.
A salvação do Homem das garras da religião, assim resume Lucrécio a filosofia epicurista:
“Enquanto aos olhos de todos a Humanidade arrastava na terra uma vida abjecta, esmagada sob o peso de uma religião cujo aspecto, mostrando-se do alto das regiões celestes, ameaçava os mortais de forma horrível, houve um primeiro Homem na Grécia que ousou erguer os seus olhos mortais contra ela e contra ela se levantar. Longe de o deterem, as histórias divinas, o raio, os estrondos ameaçadores do céu, não fizeram mais do que excitar o ardor da sua coragem e o seu desejo de ser o primeiro a forçar as portas pesadamente fechadas da Natureza. […] E por aí a religião foi por sua vez substituída e esmagada aos pés e nós com essa vitória nos elevamos até aos céus.“
Em “Carta da Felicidade”, ou a conduta Humana para a saúde do espírito, Epicuro promove a felicidade do Homem, durante todo o percurso da sua existência. A morte é o maior e mais aterrador dos males, e eis as filosofias de vida vencem tais medos, é a mais importante a qualidade de vida que a sua duração, vida e morte não coexistem, não se cruzam sequer, quando uma existe não existe a outra. De tudo aquilo que realmente importa e conduz os Homens no caminho da felicidade, se identificam tão somente as vontades e liberdades Humanas. E são estes e outros conselhos sábios de um génio, de um Homem que merece inteiramente tal definição. E se regozijam os Homens livres e felizes com tais filosofias com mais de dois mil anos de idade.
“A morte não deve ser motivo de temor. Quando ela está presente, nós não estamos, quando estamos presentes, ela não está.“
“É estupidez pedir aos deuses aquilo que se pode conseguir sozinho.“
“O sábio, assim como não procura os alimentos mais abundantes e sim os melhores para o seu corpo, também em relação ao tempo aprecia não o mais longo, mas o mais doce.“
“A propósito de cada desejo deve-se colocar a questão: Que vantagem resultará se eu não o satisfizer?“
Publicado Bruno Miguel Resende em http://liverdades.wordpress.com