INE: Exportações com o pior registo desde finais de 2009

 

Exportações perderam gás no 2º trimestre do ano

Exportações perdem gás
D.R.

07/09/2012 | 11:07 | Dinheiro Vivo

As exportações portuguesas de bens e serviços registaram, no segundo trimestre deste ano, o pior desempenho desde finais de 2009, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE).

As vendas para o exterior cresceram apenas 4,3%  em termos homólogos, valor que reflete uma travagem a fundo face aos trimestres anteriores.

Nos  segundos três meses de 2012, as exportações estavam a subir 7,9%. No mesmo período do ano passado tinham acelerado para 8,8%.

O abrandamento do chamado “motor da economia” condicionou a economia como um todo. O PIB real (descontada já a inflação) recuou 3,3% no segundo trimestre, como ontem tinha sido já avançado pelo Eurostat. É preciso recuar três anos, até 2009, ano de recessão, para encontrar um trimestre pior.

Em termos trimestrais, confirma-se também a contração de 1,2% do PIB em cadeia, o que significa que o país está em recessão técnica há sete trimestres consecutivos, isto é, desde o final de 2010.

O INE torna evidente que a recessão está mais cavada e que a conjuntura se agravou no período agora em análise.

Exportações de serviços iniciam queda

De acordo com o INE, as exportações de serviços começaram a cair, algo que também não acontecia desde final de 2009. As exportações de mercadorias resistiram em terreno positivo, mas com uma travagem de quase 10% de crescimento no primeiro trimestre para 6,1% no segundo trimestre.

Do mesmo modo, também as importações refletiram o encerramento da economia relativamente ao exterior e à rutura nos fluxos comerciais. As compras de bens e serviços a estrangeiros sofreram uma quebra de 8,1%, o que fez com que a procura externa líquida até ajudasse a tornar as coisas menos graves.

Frente Comum instaura 600 processos em tribunal contra cortes salariais

As estruturas sindicais da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública instauraram cerca 600 processos em tribunal contra os cortes aplicados aos salários dos trabalhadores em 2011 e 2012, foi hoje anunciado.

“Estas situações levam algum tempo a resolver, mas a decisão do Tribunal Constitucional, que considerou que os cortes dos salários só podiam ser temporários, e o recente acórdão sobre a inconstitucionalidade dos cortes dos subsídios de férias e de Natal, levam-nos a pensar que os tribunais decidirão a favor dos trabalhadores”, disse aos jornalistas a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila.

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública aprovou hoje o seu caderno reivindicativo, apresentado em conferência de imprensa por Ana Avoila, que prevê aumentos salariais de 47 euros por trabalhador para o próximo ano.

Ana Avoila afirmou que os funcionários públicos “não abdicam” da reposição da parte dos salários que lhes foi cortada em 2011 e 2012, assim como dos subsídios de férias e de Natal este ano.

A sindicalista referiu que os processos em curso nos tribunais são coletivos.

Os sindicatos da Função Pública, não apenas os da CGTP mas também os da UGT, vão avançar em setembro com ações em tribunal para tentar reaver os subsídios de férias e de Natal, retirados este ano pelo Governo.

A decisão foi tomada na sequência do acórdão do Tribunal Constitucional (TC) que, a 05 de julho, declarou a inconstitucionalidade da suspensão do pagamento dos subsídios de férias e de Natal a trabalhadores do setor público, embora admitindo que os efeitos desta decisão não fossem aplicados este ano.

O acórdão prevê que os trabalhadores recomecem a receber os respetivos subsídios em 2013.

Tendo em conta os pedidos dos sócios recebidos até ao final do mês de agosto, o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) prevê a entrada de algumas centenas de processo nos tribunais em setembro.

Os sindicatos da Frente Comum “estão a analisar o caso nos contenciosos” e o sindicato da Função Pública do Norte vai já avançar em setembro com ações de “três ou quatro sócios”.

A Federação Sindical da Administração Pública (FESAP) já tem alguns casos em tribunal e conta aumentar o número de processos, assim que terminem as férias judiciais, em setembro.

*Este artigo foi escrito ao  abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa

CE recusa falar em ‘flexibilização’ do programa português – Os Carrascos

Questionado sobre uma eventual flexibilização do programa português, face à situação das finanças públicas, o serviço de imprensa do comissário dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, indicou que a Comissão «nada tem a dizer sobre ‘flexibilização’ ou qualquer outra especulação em torno do desfecho da missão da ‘troika’» que tem início na terça-feira, limitando-se a indicar que as discussões incluirão «as medidas necessárias para alcançar as metas do programa» (Aumento de impostos).

De acordo com o executivo comunitário, a missão irá também rever as medidas adoptadas de acordo do memorando de entendimento entre as autoridades portuguesas e a ‘troika’ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) com vista a melhorar a eficiência do sector público ( despedimento de funcionários, ficam os afilhados no aparelho de estado) e fomentar a competitividade e o crescimento ( desemprego, baixos salários). * Estes não aprenderam nada com a Grécia e o remédio utilizado é o mesmo. Isto gera recessão/caos.

«Tal inclui a reestruturação das empresas públicas e as reformas dos mercados do trabalho e do produto», acrescentou a Comissão.

manifestação anti-troika com passagem frente à representação do FMI

 

Um grupo de perto de 30 pessoas de várias áreas de intervenção e quadrantes políticos apelou hoje a uma manifestação em Lisboa em 15 de Setembro, contra as políticas da troika, que acusam de promover “o desemprego, a precariedade e a desigualdade como modo de vida”.

O apelo dirige-se “a todas as pessoas, colectivos, movimentos, associações, organizações não-governamentais, sindicatos, organizações políticas e partidárias”, que concordem com as preocupações nele expressas.

A iniciativa surge na véspera do início, amanhã, do quinto exame regular trimestral à execução do programa acordado pelo país na Primavera do ano passado como contrapartida de um empréstimo de emergência de 78 mil milhões de euros da troika Comissão Europeia-BCE-FMI, para evitar que o país tivesse de incumprir pagamentos ou sair do euro.

A manifestação realiza-se no dia 15 para coincidir com uma manifestação idêntica marcada para a capital espanhola. Vai partir da Praça José Fontana, passará pela Maternidade Alfredo da Costa e também pela representação técnica do FMI em Portugal, na Avenida da República, onde poderá terminar, segundo disse ao PÚBLICO uma das subscritoras do apelo, Magda Alves, explicando que o trajecto ainda não está completamente definido.

Contestam a “aplicação de medidas políticas devastadoras que implicam o aumento exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e das desigualdades sociais, a venda da maioria dos activos do Estado, os cortes compulsivos na segurança social, na educação, na saúde (…), na cultura e em todos os serviços públicos que servem as populações” e queixam-se de que, ao fim de mais de um ano com o programa da troika em vigor, “as nossas perspectivas, as perspectivas da maioria das pessoas que vivem em Portugal, são cada vez piores”.

O cano de uma pistola pelo cu

Se percebemos bem – e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.

Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.

Notícias e Jornal de Notícias), a entrevista com Juan José Millás.

Food, Inc. (Alimentos S.A.) (2009) Legendado em Portugues – Parte 1 / 10

‘Valores socialistas foram totalmente renegados por José Sócrates’, acusa Pureza

O líder da bancada parlamentar do BE, José Manuel Pureza, afirmou hoje que os «valores socialistas foram totalmente renegados pela direcção política de Sócrates» e que «Passos Coelho cada vez que fala do programa do PSD pede imediatamente desculpa».

Na sua primeira aparição na campanha nacional do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, cabeça de lista por Coimbra, condenou a «campanha de nevoeiro» dos grandes partidos, «que acima de tudo procura envolver em névoa a falta de referência aos programas dos partidos».

«Passos Coelho, de cada vez que fala do programa do PSD, pede imediatamente desculpa. Tem sido assim invariavelmente», condenou, referindo-se às prestações sociais para «malandros» e à questão do aborto.

Segundo Pureza, que falava num comício em Santarém, o «Eng. José Sócrates a única coisa que sabe dizer sobre as propostas do Partido Socialista é que está chocado com as propostas do PSD».

«O nevoeiro vai abrir mas sabemos que o que vem a seguir é uma enorme tempestade», disse.

Considerando que «esta campanha eleitoral é sobre calotes e credores», o líder da bancada parlamentar do BE defendeu que o «BPN é o grande calote que nós temos diante de nós».

«Temos que falar com todos os socialistas que estão profundamente desapontados e indignados com um Partido Socialista que está mais à direita do que nunca na sua história, para quem a cultura socialista, os valores socialistas foram totalmente renegados pela direcção política de José Sócrates», enfatizou.

Também o cabeça de lista por Santarém, José Gusmão, afirmou que pedir um empréstimo sabendo que não se pode pagar, «isso sim é comportamento de caloteiro, aquele que tem PS, PSD e CDS».

No almoço no Entroncamento, José Gusmão tinha deixado uma crítica ao facto de Fábio Coentrão ter estado hoje em campanha com José Sócrates, nas Caxinas.

«O PS, a única forma que tem de introduzir alguma coisa de esquerda nesta campanha, é chamando Fábio Coentrão», disse, com tom irónico já que o jogador do Benfica é lateral esquerdo.

Pura Hipocrisia , afinal as medidas de austeridade são para a Alemanha

O comissário europeu dos assuntos financeiros, Olli Rehn, considerou hoje o empréstimo de 78 mil milhões de euros a Portugal “também necessário para proteger a retoma económica na Alemanha e as poupanças dos alemães”.

Em entrevista ao matutino Die Welt, Rehn afirmou que “ajudando Portugal, com critérios rigorosos, mas também com condições realistas, protege-se, simultaneamente, a retoma económica na Alemanhe a as poupanças dos alemães”.

O empréstimo, aliás, “não seria possível sem boa vontade da Alemanha“, sublinhou ainda o comissário europeu, no dia em que os ministros das Finanças do eurogrupo se reúnem em Bruxelas para tomar a decisão final sobre a assistência financeira a Portugal.

As agruras de hoje da Grécia serão as de Portugal no futuro com o pacote da troika

As consequências de uma reunião não tão secreta

por Euro Intelligence

O nosso ponto de vista foi sempre que a resolução da crise consistiria num refinanciamento (rollover) permanente. Quando confrontados com a questão de permitir o incumprimento da Grécia ou concordar com mais um programa (irrealista), os ministros europeus das Finanças aceitaram esta última opção.

Numa reunião secreta no Luxemburgo, os ministros das Finanças de um subconjunto de países da eurozona encontraram-se para discutir o futuro da Grécia e, segundo o FT , alcançaram um consenso de que querem recorrer a um pacote inteiramente novo, pois o actual programa da Grécia, o qual prevê um retorno aos mercado em 2012, não é realista.

A Grécia precisa obter €25 a €30 mil milhões no próximo ano. O FT informa que o European Financial Stability Facility (EFSF) pode comprar dívida grega em mercados primários, em complemento de uma reestruturação voluntária para “rolar” (roll over) dívida que será devida em 2012. Responsáveis parecem ter descartado com firmeza qualquer reestruturação involuntária da dívida, a qual criaria mais problemas do que resolveria. O ministro grego das Finanças foi convidado à reunião de modo a que responsáveis pudessem enfatizar-lhe a importância de mais austeridade e privatização.

Na sexta-feira à noite, a revista Der Spiegel informou que a Grécia havia considerado uma saída da eurozona e revelou que uma tal teria lugar, com Wolfgang Schäuble tendo um estudo na sua pasta sobre porque uma saída grega far-se-ia a um custo proibitivo – para a Grécia mas também para a própria eurozona. A notícia deu lugar a negações frenéticas de responsáveis da UE e provocou uma nova derrota do euro, o qual declinou de um pico de US$1,49 para US$1,43 em dois dias. Responsáveis da UE primeiro tentaram negar que uma tal reunião viesse a ocorrer, mas quando se tornou impossível sustentar isso, eles simplesmente negaram que os ministros discutissem uma reestruturação da dívida, muito menos uma saída.

“COMENTÁRIOS ABSURDOS DE JOSÉ SÓCRATES”

Wolfgang Münchau escreve na sua coluna no FT que o fracasso em ser capaz de organizar uma reunião secreta simboliza a dificuldade em administrar uma união monetária (e especialmente um programa de refinanciamento de dívida) com um grupo de decisores executivos tão diversos. Disse ele não acreditar em quaisquer pronunciamentos oficiais de qualquer responsável da UE. Afirmou que os comentários absurdos de José Sócrates de que obteve um acordo melhor do que os gregos e os irlandeses também são muito típicos para o programa de acção colectiva da eurozona. E que vê cada vez mais evidências de uma bifurcação – uma situação dentro de poucos anos nesse caminho em que estados membros da eurozona terão de decidir se saltam para dentro de uma união política ou saltam para fora de uma união monetária.

Juan Ignacio Crespo escreve em El Pais que uma saída da eurozona seria o equivalente a uma outra crise financeira global. Se a Grécia saísse, o sistema bancário do país entraria em colapso e o país seria confrontado com uma implosão económica e social. E a crise imediatamente propagar-se-ia ao país seguinte da eurozona. A Europa neste ponto suspenderia tanto o mercado como o acordo de Schengen.

Os principais jornais alemães estão divididos sobre os méritos de um segundo pacote de resgate para a Grécia. Enquanto os diários económicos Financial Times Deutschland e Handelsblatt endossam a ideia de má vontade o Frankfurter Allgemeine Zeitung e o Bild estão em franca revolta. Holger Steltzner , do FAZ, destaca que a UE e o FMI não têm quaisquer meios de aplicar pressão sobre a Grécia uma vez que excluem a reestruturação da dívida grega e a saída da Grécia da eurozona. O colunista Hugo Müller-Vogg, do Bild, argumenta que se bem que o euro seja indispensável para a Europa, a Grécia não é. Se a Grécia quisesse deixar a zona da divisa ninguém deveria impedi-la. “Isso seria caro para o contribuinte europeu”, argumenta ele. “Mas um final caro é melhor do que infindáveis pacotes caros de resgate”.

PSD revela seu plano económico pelo lado da oferta

Passos Coelho revelou o plano económico do seu partido com o objectivo de mudar o modelo económico de Portugal. A principal característica é uma redução de encargos sociais dos negócios em 4 pontos percentuais, de 23,75% para 19%, financiando por cortes estruturais na despesa governamental. Isto inclui cortes no período que dá direito a benefício de desemprego; um corte no número de Secretarias de Estado em 30% e de conselheiros à metade; reduções em entidades públicas em pelo menos 15%; um serviço de recrutamento independente para postos no governo e o fim de prestigiosos projectos de infraestrutura, tais como serviços ferroviários de alta velocidade. O Jornal de Negócios tem os pormenores. O presidente Cavaco Silva disse que um corte fiscal para os negócios é possível e está de acordo com o acordo da troika mas que deveria ir a par com um corte fiscal sobre o trabalho, ao passo que o IVA pode aumentar.

Desordem tempestuosa na Irlanda após apelo de Morgan Kelly à reestruturação da dívida

Um comentário do economista irlandês Morgan Kelly no Irish Times a apelar a que a Irlanda se afaste do acordo de salvamento provocou uma enorme tempestade na Irlanda e alguma reacção irada do banco central e do governo. Kelly argumentou que o governo irlandês deveria afastar-se da dívida bancária, deixando-a para o BCE, de modo a que país ficasse com uma dívida “sobrevivivel” de €110 mil milhões. O governador do banco central, Patrick Hohohan, sentiu-se obrigado a defender-se, depois de Kelly acusá-lo de ter feito o “mais custoso erro alguma vez já feito por uma pessoa da Irlanda” ao calcular mal a escala das perdas bancárias. Hoohan defendeu o seu papel na corrida para o acordo de salvamento original e a sua decisão de manter a garantia bancária. O ministro das Finanças também respondeu emitindo uma rígida advertência ao artigo de Kelly, dizendo que benefícios à infância e os salários de 300 mil trabalhadores do sector público seriam reduzidos em 33% se o governo abandonasse o acordo de salvamento com a UE-FMI.

E se a França recorrese a um programa de resgate da UE e do FMI?

Em Les Echos Nicolas Barre também é céptico quando ao resgate grego, mas por razões diferentes. Originalmente os pacotes de resgate tinham duas razões bem fundamentadas. Eles precisavam mostrar a populações locais nos países periféricos quão grave era a situação e houve tantos pacotes de resgate para aqueles países quanto houve resgates para os bancos no resto da eurozona. Hoje aquelas duas razões já não são válidas segundo Barre. De modo que reestruturar a dívida grega seria a solução adequada. O colunista francês argumenta que políticos em Paris deveriam reflectir sobre os seus colegas em Atenas, Dublim e Lisboa, onde os governos já não estão no comando e têm de receber ordens da UE e do FMI. Barre aponta o sempre crescente rácio da dívida em relação ao PIB em França e diz que o destino de países periféricos deveria ser motivo de reflexão para qualquer candidato às eleições presidenciais francesas na Primavera de 2012.

Sócrates, o melhor líder da oposição – Daniel Oliveira

No melhor discurso que fez em muito tempo, José Sócrates mostrou que tem muitas vidas, como deviam saber os que vezes sem conta lhe encomendaram a alma. Na primeira parte da intervenção que fez no comício do PS (há quem também lhe chame congresso) deixou claro o guião que vai usar na campanha.

A história é simples: estava o governo a tentar salvar o País e, quando finalmente a coisa se começava a compor, o PSD, com pressa para chegar ao governo, provocou uma crise política. Fez cair o governo e atirou o País para os braços do FMI. E para isso contou com a ajuda da oposição de esquerda – Sócrates chegou mesmo a dizer que PCP e BE “ofereceram ao FMI a oportunidade de entrar em Portugal”. Agora, o PSD vai aprovar medidas bem piores do que aquelas que chumbou. Ou seja, prova que a única coisa que o moveu foi a fome de poder. E desde que se soube que as eleições vêm aí e que vai ter finalmente de dizer o que quer fazer, não parou de meter os pés pelas mãos. O País deve ao PSD a embrulhada em que está metido e se der a vitória à direita aventureira isto vai ser um caos. Com os tiros no pé que Passos vai dando, a intervenção passa melhor do que seria razoavel pensar.

Sócrates faz o que sabe fazer melhor: oposição. Quem não se lembra do debate que teve com Louçã, em que conseguiu concentrar todo a discussão no programa do Bloco de Esquerda? Em que conseguiu a proeza de estar no poder e fazer o papel de um político de oposição a um partido que então tinha seis por cento. Agora faz o mesmo com o PSD. Sócrates não será grande governante, mas é o melhor líder da oposição que Portugal já conheceu. No caso, faz oposição à oposição.

Mas a parte realmente bem estruturada do seu longo discurso veio depois. Sócrates definiu quais são as suas grandes de divergências com o PSD. Depois de fazer oposição usando o comportamento passado do PSD, faz oposição à governação futura do PSD. Só de passagem falou do que ele próprio fez e do que ele fará. E, no entanto, é ele o primeiro-ministro.

Escolheu quatro grandes assuntos, todos eles caros à esquerda: privatizações, leis de trabalho, saúde e educação. O PSD quer “privatizar, privatizar, privatizar”, quer acabar com todos os direitos laborais, quer acabar com a saúde tendencialmente gratuita e quer transferir recursos da escola pública para a escola privada.

Quanto às privatizações, Sócrates esquece-se do passado e ignora o futuro. Esquece-se do passado, escondendo que é de sua autoria a proposta de uma das maiores listas de privatizações que o País já conheceu. Ignora o futuro, fingindo que o FMI e FEEF vão obrigar o próximo governo – seja de Sócrates, seja o de Passos – a privatizar tudo o que mexa. Isto quando as agências de rating garantiram que, com desvalorizações sucessivas, as empresas do Estado ficariam a preço de saldo. Sejamos justos: Sócrates sabe o que fez e o que fará se continuar no governo. Por isso, o combate contra as privatizações acaba por se ficar na oposição à entrada de capital provado na Caixa Geral de Depósitos. É tudo o que sobra ao PS na defesa de um setor empresarial público. Diz Sócrates que a CGD é fundamental, nesta fase da crise. Mau exemplo, não tivesse sido a CGD um dos bancos a encostar, há uma semana, o Estado português à parede. O problema é que a CGD se comporta como um banco privado.

Quanto às leis de trabalho, a última trincheira de Sócrates é a necessidade de “justa causa” para despedimento. E faz disto um combate civilizacional. Mais uma vez, esquece-se do passado e ignora o futuro. Esquece-se que ao embaratecer o despedimento o tornou muito mais fácil, com ou sem justa causa. Ignora que a intervenção externa obrigará o próximo governo a cumprir os sonhos do PSD. Sócrates fará o mesmo que Passos, mas contrariado? Talvez. Mas que diferença faz aos trabalhadores se o governo lhes tira direitos com convicção ou sem ela?

Quanto à saúde, a frente de batalha é a gratuitidade da prestação de serviços. E esta foi a parte mais longa e inflamada do seu discurso. Acontece que as recentes alterações na política de comparticipação nos medicamentos levou a um aumento brutal dos custos de saúde para todos os portugueses, e em especial para os mais pobres. E que as políticas de brutais cortes nas despesas públicas que o FMI e FEEF vão impor a Portugal tratarão de fazer na prática o que o PSD quer fazer na teoria. Mais uma vez, Sócrates esqueceu o passado e ignorou o futuro.

Quanto à educação, Sócrates concentrou-se no combate em torno do contratos de associação com os privados, no enorme investimento que terá feito nas escolas e nas propostas do PSD para dar ao ensino privado um papel não apenas complementar, mas de parte integrante do sistema público. E de, assim, criar um sistema que divide ricos e pobres por escolas diferentes. Sendo justo, este é o único exemplo de que Sócrates tem autoridade para falar. É verdade que, apesar dos enormes erros que cometeu na relação com os professores, investiu na rede escolar pública e tentou moralizar a mesada que o Estado dava a escolas privadas.

Na primeira parte do discurso, Sócrates virou-se para a direita e disse: posso não ser grande coisa mas eles são irresponsáveis e aventureiros. Na segunda parte, virou-se para a esquerda disse: posso não ser grande coisa mas eles são a selvajaria liberal. Onde falha? Na primeira parte falou do PSD e do FMI, como se ele próprio não tivesse existido. Na segunda parto falou de si e do PSD, como se o FMI não viesse aí.

Daniel Oliveira está a acompanhar, para o Expresso, o congresso do Partido Socialista em Matosinhos.

Irlanda. Há três anos em recessão sem fim à vista

O pedido de ajuda entrou no FMI a 21 de Novembro do ano passado. Até agora a situação económica pouco ou nada melhorou

Depois de resistir dois anos, o governo irlandês cedeu à pressão no final de 2010 e entregou ao Fundo Monetário Internacional um pedido de ajuda. Montante inicial do pedido: 85 mil milhões de euros. O Fundo entrou com 22,5 mil milhões, a União Europeia reservou 45 mil milhões e as reservas internacionais da Irlanda completaram o pacote, com 17,5 mil milhões. Em troca, um plano de austeridade ainda mais rigoroso que os anteriores – postos em prática pelo governo, sem sucesso, na tentativa de tirar o país da recessão em que mergulhou em 2008. No ano passado, o défice atingiu uns espectaculares 32% do PIB. Recorde-se que em Outubro o FMI tinha dito que a situação da Irlanda era “diferente” da da Grécia. Pois…

plano O objectivo do plano de austeridade mais duro de sempre, que a Irlanda entregou juntamente com o pedido de ajuda, é diminuir o défice 15 mil milhões de euros até 2014 – ou seja, 9% do produto interno bruto (PIB). Só este ano, a redução terá de ser de 6 mil milhões, se o país cumprir aquilo a que se comprometeu em troca do banho de liquidez dado pela ajuda internacional.

medidas A austeridade foi mais longe do que qualquer irlandês teria suspeitado: o salário mínimo foi reduzido 12% e as pensões, o subsídio de desemprego e o abono de família sofreram um corte de 4%. Houve reduções de 5% nos salários até 30 mil euros por ano e de 8% acima de 125 mil euros. Diminuíram ou foram eliminadas deduções fiscais. Aumentaram os impostos sobre os combustíveis, o tabaco e o álcool. Aos lucros das maiores empresas foi aplicada uma taxa extraordinária de 10% e foram estabelecidas taxas especiais sobre as propriedades.

Resultados O banco central reviu para menos de metade a previsão de crescimento económico para 2011: de 2,4% para 1%. O desemprego atingiu o nível histórico de 13,4%, o triplo do de 2008. Os juros da dívida pública irlandesa, um dos motivos que levaram o país a solicitar o resgate, mantêm-se elevadíssimos, indiferentes à ajuda externa. Os de longo prazo estão nos 10%. A.R.G.

Grécia. Imagem que o país transmite é desoladora

Cerca de 10% da população está desempregada e os mais velhos fugiram para os campos para sobreviverem aos cortes nas pensões

O pedido de ajuda oficial da Grécia ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira foi apresentado a 23 de Abril de 2010, mas um ano depois o país continue mergulhado numa imensa crise. O desemprego atinge cerca de um milhão e meio dos seus cerca de 11 milhões de habitantes, o produto interno bruto (PIB) caiu 8,9 pontos percentuais e a imagem que o país transmite para o exterior é desoladora: milhares de lojas fecharam portas, o nível de vida dos gregos desceu abruptamente e milhares de reformados fugiram para os campos em consequência do corte nas pensões.

cortes A ajuda externa não atenuou sequer o cenário macroeconómico, que continua negro: para este ano prevê-se uma quebra da riqueza de 2,6%, se a situação na zona euro evoluir como previsto, ou de cerca de 4%, no pior dos cenários. Entretanto, o défice continua nos 7,4% do PIB. Não obstante os cortes nos salários dos trabalhadores dos sectores público e privado, o aumento dos impostos e a eliminação dos subsídios de férias e de Natal, a UE e o FMI continuam a exigir ao governo grego novas medidas de austeridade.

ajuda O pedido de ajuda de Atenas à UE e ao FMI surgiu na sequência de um aumento dos custos da dívida grega, avaliada em Abril do ano passado em 300 mil milhões de euros. A escalada dos juros aconteceu seis meses depois de o executivo chefiado por Papandreou ter tomado posse e ter encontrado um défice de 12,9%, em vez dos 6% oficiais, e uma dívida pública de 115% do PIB.

Em Abril do ano passado, os juros da dívida a dois anos tinham superado os 11%, quase ao nível da do Paquistão, obrigando o primeiro-ministro a recorrer à ajuda europeia, por os considerar incompatíveis com a redução do défice orçamental, que estava quatro vezes acima dos 3% permitidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento para a zona euro.

Apesar do apoio europeu, o risco de incumprimento do país mantém-se. Ou seja, não é líquido que a Grécia consiga pagar o que deve e voltar a crescer quando o país regressar aos mercados.

Margarida Bon de Sousa

O Marialva arrogante

Un antipático contra todos 

El primer ministro portugués se parece a un conductor que avanza a toda velocidad por la autopista en dirección contraria, convencido que son todos los demás automovilistas los que se equivocan. Los gobiernos europeos y las instituciones comunitarias dan por hecho que Portugal no puede salir de la crisis sin asistencia financiera, pero José Sócrates les contradice a todos diciendo que que el país puede superar sus problemas con sus propias fuerzas. Después de ser derrotado en el Parlamento ha presentado su dimisión y ha lanzado a su partido, el socialista, de frente y a toda velocidad contra la oposición liberal-conservadora, esperando que en el último momento un volantazo de buena suerte le permita dar la vuelta a las encuestas y regresar victorioso.

O Mentiroso e aldrabão, o animal político que nos conduziu ao abismo.

O cenário macroeconómico em que se baseia o Programa de Estabilidade e Crescimento entregue pelo Governo hoje no Parlamento aponta para uma contracção da economia este ano de 0,9 por cento, uma revisão acentuada face ao crescimento de 0,2 por cento projectado no Orçamento do Estado.

O governo prevê uma recessão de 0,9% em 2011 na versão actualizada do PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento). Esta previsão contraria uma estimativa de crescimento de 0,7% do PIB este ano quando as instituições internacionais apontavam para uma recessão de 1%.

 

O agravamento do quadro macroeconómico foi a principal razão apontada para a necessidade de avançar com medidas adicionais de consolidação orçamental. Em 2012, o PIB deverá crescer apenas 0,3% e só em 2013 está previsto um crescimento superior a 1%.

 

Segundo as novas estimativas do Governo, a inflação deverá acelerar para 2,7% este ano. Já o desemprego vai continuar a crescer este ano até aos 11,2%, o que reflecte uma contracção de 0,6% do emprego total. Só vai recuar a partir do próximo ano com o governo a prever 10,8%.

 

O mesmo documento prevê que o preço do petróleo se situe nos 107,2 dólares por barril este ano, ficando sempre acima dos 100 dólares até 2014. O Orçamento do Estado para 2011 previa uma cotação de 78 dólares por barril para o petróleo.

 

O documento entregue diz que ainda que as empresas públicas vão ter que cortar mais custos operacionais, além dos 15% que foi exigido este ano. Além disso, diz o governo, estas empresas vão ficar limitadas a tectos máximos de despesa “até ao final de Março de 2011”.

 

Já os hospitais EPE  vão ter de reduzir os seus custos operacionais nos próximos dois anos. “Na sequência dos programas lançados em 2011, serão prosseguidos em 2012 e 2013 os esforços de redução dos custos operacionais nos hospitais EPE”, diz o documento.

 

Apesar das condições desfavoráveis dos mercados, que já levaram ao adiamento de operação, o governo reviu em alta as receitas esperadas com privatizações entre 2010 e 2013.
Agora, a estimativa é obter de 6470 milhões de euros, contra seis mil milhões de euros previstos há um ano. Este valor já inclui a única operação realizada até agora, a venda de 7% da Galp.

 

O Governo vai também rever as listas anexas ao Código do IVA (imposto sobre o valor acrescentado), prevendo gerar um “ganho de receitas” de 0,1 por cento do PIB em 2012 e 0,3 por cento em 2013.

 

Tal como já tinha anunciado, o Executivo prepara-se para aumentar as pensões mais baixas em 2012 e cortar a partir de 1500 euros.

Há três semanas que o IV Reich conhecia medidas de austeridade

Sócrates não consegue evitar que o FMI continue a fiscalizar Portugal.

O anúncio das novas medidas de austeridade apanhou o país de surpresa, mas há três semanas que o novo pacote era do conhecimento de Angela Merkel, apurou o SOL. A chanceler alemã acompanhou o PEC 4 e levou Sócrates a comprometer-se com ele na reunião entre ambos em Berlim, há exactamente quinze dias.

E o primeiro-ministro terá saído mesmo dessa reunião com a certeza de que o novo acordo não iria afastar o FMI – uma vez que o acesso aos empréstimos europeus, ainda que pontuais, exigirá a aprovação deste organismo. A «análise e aconselhamento» por parte do FMI farão parte do futuro fundo de resgate europeu, admite-se até em S. Bento.

As medidas mais contestadas – o corte de pensões acima de 1.500 euros, o compromisso de não aumentar a despesa com as restantes pensões (congeladas até 2013), os despedimentos mais baratos ou os cortes na Educação e na Saúde – estão, aliás, em linha com os princípios aceites pelos países do Euro (e pelo FMI), no acordo que saiu da cimeira do passado fim-de-semana.

Negar os factos

A 2 de Março, quando Sócrates foi a Berlim com o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, já tinha na mão as novas medidas de austeridade. Três dias antes, porém, indignou-se com o facto de se dizer que elas estariam na calha, protestando por a imprensa interpretar dessa forma as suas palavras de que faria tudo para cumprir a meta do défice, e as de Teixeira dos Santos, que admitiu «medidas adicionais».

De qualquer modo, o mediatizado encontro com Merkel em Berlim foi saudado como uma vitória. A chanceler declarou que Portugal se «encontra num muito bom caminho». E elogiou o novo pacote de medidas: «Portugal vai dar os passos certos» – apesar de acrescentar que poderia ser necessário «ir mais além».

Sócrates aproveitou também as palavras de Durão Barroso. O presidente da Comissão Europeia, interpelado pelo eurodeputado do BE, Miguel Portas, aconselhou Portugal a não «tirar o pé do acelerador». Um recado que era um eufemismo, tendo em conta o que se preparava.

Segredo até ao limite

Entretanto, o PSD sabia que estava a tomar forma um PEC 4, e Passos Coelho veio antecipar que não aprovaria novas medidas de austeridade.

Sócrates continuou em silêncio até ao limite do possível. Há oito dias, voou para Bruxelas para assinar o acordo com o grupo Euro para um PEC 4. Nessa manhã, Teixeira dos Santos comunicava em conferência de imprensa o pacote – os jornalistas foram convocados às 23h da véspera e Passos Coelho informado, sumariamente, por telefone.

A reacção do PSD, pelo secretário-geral Miguel Relvas, reflectiu a surpresa: «Quanto às medidas em concreto, só tomaremos uma posição depois do Conselho Europeu». A resposta foi um não .

Belém fez saber por fonte oficial que o PR «não foi previamente informado» das medidas do novo PEC. No discurso de tomada de posse, Cavaco dissera, dois dias antes, que «há limites para os sacrifícios» que se podem pedir aos portugueses.

Esta semana, na entrevista à SIC, Sócrates justificou-se com o calendário: o dia da tomada de posse de Cavaco (9 de Março, quarta) e o do debate da moção de censura ao Governo (na quinta) teriam sido inapropriados. Uma posição criticada pelo ex-Presidente Mário Soares, que disse que Sócrates teve «esquecimentos imperdoáveis».

Parem com o casino financeiro

Centenas de pessoas manifestaram-se hoje diante do Parlamento islandês

Várias centenas de pessoas manifestaram-se hoje diante do Parlamento islandês para pedir mais ação do governo, enquanto decorria o referendo sobre o acordo Icesave, constatou um jornalista da agência noticiosa francesa AFP.

“Johanna, vai votar”, gritavam os manifestantes numa alusão à abstenção declarada da primeiro-ministra, Johanna Sigurdardottir.

“Icesave não! não! não!” e “Parem com o casino financeiro” eram frases escritas em cartazes dos manifestantes, que se concentraram na praça do Parlamento depois de um breve desfile pelas ruas de Reiquejavique.

Os islandeses foram chamados hoje às urnas para se pronunciarem sobre a “impopular” lei Icesave, que prevê indemnizar os investidores estrangeiros lesados pela falência do banco islandês Icesave, e segundo as últimas sondagens devem rejeitá-la por larga maioria.

A Islândia, país com cerca de 320 mil habitantes, foi fortemente atingida pela crise financeira mundial no final de 2008, que levou à falência de bancos e provocou a queda da moeda e da economia.

Everything You Need To Know About Europe’s PIIGS

Marketplace’s Paddy Hirsch breaks it down.If there’s one man who can break down all the financial complexity in today’s world, it’s Marketplace’s Paddy Hirsch. In his latest video in his “Whiteboard” series, Hirsch explains what the PIIGS are. Take a look below.

Vodpod videos no longer available.

more about “Everything You Need To Know About Eur…“, posted with vodpod

Are PIIGS In Trouble Because They Don’t Have A Lot Of Jews?

The world hardly lacks for plausible explanations for why Portugal, Italy, Ireland, Greece and Spain have found themselves at the center of the European Financial crisis.
But the most provocative explantion has been offered, half seriously, by Ira Stoll—who says the problem might be that the PIGS lack Jews.
The “PIGS’ crisis is roiling the financial markets — fiscal problems in Portugal, Ireland, Greece, and Spain. One interesting question to consider is why Portugal, Greece, Ireland, and Spain would be in worse trouble than other European countries. We’ve already noted Greece’s high marginal tax rate. Bloomberg News’s Matthew Lynn seems to see it as a monetary issue, as does, to a large degree, Paul Krugman.

Let me make another speculative explanatory leap — or, to use a phrase of Friedrich Hayek’s, engage in some “conjectural history” — and suggest that one reason Portugal, Greece, Ireland and Spain are in rough shape is they have barely any Jews. Some numbers on this are here and here. This is only a half-serious explanation, prompted in part by the idea that observant Jews don’t eat PIGS, anyway. There are historically contingent explanations of the paucity of Jews in each country — most famously, Spain expelled its Jews in 1492, while the Jewish population of Greece was almost entirely wiped out in the Holocaust.

 piigs

I’m not saying it’s the only explanation, or that, if these countries had more Jews, they wouldn’t still be in trouble. But it’s the sort of thing that could stand some further research and analysis, no? Maybe a next book for Jerry Muller? A column for David Brooks or Thomas Sowell or Joel Kotkin? A blog item for Jeffrey Goldberg, who could come up with some catchy two-word phrase for the theory?

You’d have to think about whether the lack of Jews is an actual cause of economic trouble or just an indicator of something else — policies or culture unfriendly to business or capital or outsiders — that is the actual cause. If the theory has predictive power, then Norway and Finland are the next to go. But the theory may not work in countries with large oil reserves.

We’ve emailed Ira to ask about Italy, which has many more Jews than the other PIIGS, although Jews make up a similarly small percentage of the overall population.

U.K. Decides To Double Down On Capitalism In Bid To Avoid Joining The Debt-Defaulting PIIGS

In a sale of public assets larger than anything seen since Margaret Thatcher’s heyday, Britain hopes to raise much needed cash privatizing banks.

The debt laden country is attempting to sell part of the 71.5 billion pound ($116 billion) investment it made in troubled banks during the height of the financial crisis.

Pressure for the sale is mounting as Standard and Poors has called the country’s economic stability into question, citing massive debt levels and a beleaguered banking system in need of reform.

They better move fast. Standard and Poors is pointing towards a downgrade for the UK that would make raising money for spending more difficult and potentially put Britain on track to join Europe’s PIIGS, states which have been brought to the brink by their sovereign massive debt.

Unfortunately, the opposing parties in Parliament are currently spending more time debating banking penalties than solving the potential debt crisis.

EU Privately Freaking Out About Greece And The PIIGS Breaking Apart The Union

While investors speculate as to whether Greece or the euro is going to crash, it’s no surprise that parties in the EU are questioning their ties to both.

An internal report obtained by SPIEGEL warns that the differing competitiveness among euro zone countries is “a cause of serious concern for the euro area as a whole.”

The report said that ‘peripheral’ countries Greece, Portugal, Spain, Ireland, and Italy would “jeopardize confidence in the euro and threatens the cohesiveness of the euro area.”

Um dia dos diabos

Um dia dos diabos

Nos bancos há um centro nervoso onde tudo se decide. Chamam-lhe o Trading Room. É um mundo de ecrãs de plasma com colunas de números abstractos em páginas de Excel onde nunca se fala de milhões.

Está tudo em poucos dígitos meticulosamente metidos em rectângulos. Três casas à esquerda do ponto decimal vão das unidades às centenas. Do outro lado, há décimas, centésimas e milésimas. Abstractos os números, concretos os valores. São milhares de milhões. Por vezes são milhões de milhões.

Operadores com um clique do rato fazem ajustamentos nas variações que vão surgindo, induzidas por murmúrios digitais que chegam de Nova Iorque a Moscovo. Raramente há pânico no Trading Room. Está (quase) tudo previsto. Há paramentos hirtos e muito pouco lugar para criatividades. Um clique numa coluna eleva alguns milésimos os dígitos que, quase à velocidade da luz, aparecem fardados de centavos de Euro nas facturas de uma qualquer parcela mensal de empréstimo e quase nem se notam. Afinal, já se sabia que o spread era variável e que do spread sai tudo. Dos custos do banco aos lucros.

Normalmente as coisas acontecem com a banalidade de um monótono jogo de vídeo online. Muito, muito, gradualmente. Mas quinta-feira 14, deste mês, foi um dia dos diabos. Houve pânico. Os sinais vieram de Hong Kong a Singapura a partir das oito da manhã. Diziam que o negócio da compra e venda de dinheiro estava a correr mal. Os fornecedores habituais estavam a subir o preço da mercadoria. Muito. Mesmo para estes dias de crise. Cliques frenéticos do rato já não conseguiam equilibrar os rectângulos Excel com toques nas milésimas. Vieram supervisores mexer nas casas à esquerda dos pontos decimais. Alteraram as dezenas dos dígitos a ver se tudo ficava na mesma. Ficou num segundo. No segundo seguinte, ficou tudo desequilibrado outra vez. “As CDS estão a disparar”. “124,365 tenho aqui na melhor oferta”. E continuaram por aí fora saltando dezenas de pontos. De 80 na semana passada para mais de 140 hoje. E as prestações de milhares de pessoas começaram a subir. Janeiro vai ser um mês dos diabos para os rendimentos a recibo verde contados em salários mínimos onde o clique dos ratos não equilibra contas. 14 de Janeiro de 2010. Início do pânico: começaram as negociações para o Orçamento do Estado. Inconclusivas, inadequadas, insuficientes. As empresas estrangeiras, cujo negócio é avaliar riscos para o mercado que fixa com uma mão invisível as Credit Default Swaps, estiveram atentas ao que a Reuters e a CNBC foram relatando em várias línguas: em Lisboa gasta-se muito e paga-se mal. De Berlim ao Dubai há cliques nos rectângulos das linhas onde se lê “Portugal” e onde hoje há números quase iguais aos da Irlanda que amanhã serão parecidos com os da Grécia. E que dizem que este vai ser mesmo um ano dos diabos.

J.N.

Uma história de sucesso

Fernando  Sobral
fsobral@negocios.pt

Será “Avatar” uma metáfora para um certo capitalismo que ciranda por aí? Há quem diga que sim, e o realizador James Cameron não o nega. Se o é, ele é um filme sobre um capitalismo que não tira lições do passado. As declarações de João Rendeiro ao “i”, sob o assombroso título de “Estou de volta”, merecem uma outra reflexão. Será João Rendeiro uma metáfora de “Avatar”? Ou seja, do banqueiro que esqueceu o passado? Agora que só gere negócios “acima dos 50 milhões de euros”, só nos recordamos dos clientes do BPP que não mexem nos seus depósitos porque eles se evaporaram. Culpa do Estado, claro, como recordou Rendeiro alguns dias antes de anunciar que está vivo e pronto para regressar ao serviço. A crise passou por Rendeiro e isentou-o do destino de dezenas de milhares de trabalhadores que viram desintegrar os seus empregos. Aqueles que, como disse Ernâni Lopes, nunca verão regressar o emprego perdido, mesmo que o PIB cresça. Para Rendeiro só sobra o futuro. Para os desempregados desta crise só resta o passado. Foram estas as duas faces da crise. Não é que Rendeiro não possa manter o nível de vida da sua família. Mas escusava de, no meio das ruínas do BPP, ostentar os seus negócios de milhões. São gestos como este que destroem uma sociedade e a sua coesão. Porque o que João Rendeiro diz, calmamente, não é imoral. É pior: é, simplesmente, amoral. O mundo onde Rendeiro vive é tão virtual como os milhões que desapareceram no BPP. É um filme digno de “Avatar”, nos seus efeitos especiais, e nos seus defeitos ainda mais especiais.

In J.N.

The Corporation 1ª parte

Na metade do século XIX, a corporação emergiu como uma pessoa jurídica. Imbuída de uma “personalidade” de interesse próprio, os próximos 100 anos viram sua ascendência à dominação. As corporações criaram riqueza sem precedentes, mas a que custo? A racionalização sem remorsos sobre factores externos, ou, como definiu o economista Milton Friedman, as consequências não intencionais da transacção entre duas partes sobre a terceira, foi responsável por incontáveis casos de doenças, morte, pobreza, poluição, exploração e mentiras.

Levantando casos corporativos e entrevistando mais de 40 personalidades, dentre as quais CEOs e altos executivos de um sem número de indústrias (petrolíferas, farmacêuticas, computação, automobilística, manufactura, relações públicas, propaganda, marketing viral e outras), bem como economistas, gurus, espiões corporativos, académicos, historiadores e pensadores, os directores do documentário A Corporação investigam desde os modos de selecção de empregados (que garantem a manutenção da “personalidade” da empresa) aos os princípios operacionais inerentemente amorais e enganosos (atropelando regras e padrões sociais sem culpa para alcançar seus objectivos, e ainda assim vendendo uma imagem pública de compreensão, altruísmo e simpatia pelo consumidor e por seus próprios funcionários) que formam personalidades que podem ser facilmente diagnosticadas como de “psicopatas”.

As corporações existem para criar riqueza, e mesmo catástrofes sociais e ambientais (como a queda das Torres Gêmeas, que deixou muita gente interessada em saber as cotações do ouro, enquanto os ocupantes e acções de empresas eram esmagados pelos prédios em queda) podem ser boas fontes de lucros.

O filme recebeu mais de 30 prémios ao redor do mundo, e diz respeito a todos porque são estas empresas que movimentam a maioria do dinheiro mundial, interferem em questões políticas e definem os caminhos da economia.

In Plantando consciência