Os Dinheiros Para As Obras De Propaganda, Digo, De Modernização

Para José Sócrates desde sempre e agora para Vital Moreira o investimento público na modernização das escolas é um dos principais argumentos de propaganda e, no momento presente, da campanha eleitoral.

O problema é que esta propaganda é feita com base em dinheiros da UE e não em investimento directo do orçamento de Estado.

Basta ver as placas de licenciamento das obras:

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Retirado da A educação do meu umbigo

Partido Socialista deixa cair Vítor Constâncio

Direcção da bancada parlamentar socialista já interiorizou ser impossível ilibar o governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, face aos indícios da actuação negligente daquela instituição face ao que se passava no Banco Português de Negócios, obtidos pela comissão parlamentar de inquérito ao chamado ‘caso BPN’.

O PS já decidiu: vai deixar cair Vítor Constâncio. O relatório final da comissão parlamentar de inquérito ao BPN será crítico para com a actuação do governador do Banco de Portugal neste caso. E sê-lo-á com o consentimento da maioria socialista na comissão.

Face à acumulação de indícios na comissão de inquérito apontando para uma actuação negligente do banco central face ao Banco Português de Negócios, a direcção da bancada parlamentar socialista já percebeu que é impossível ilibar Constâncio. Isto por mais importante que seja a ligação histórica do governador ao PS (foi secretário-geral do partido de 1986 a 1989). “É impossível não criticarmos”, admitiu ontem ao DN um membro da direcção parlamentar socialista.

Resta agora saber as consequências políticas que terá sobre a continuidade de Constâncio como governador a aprovação de um relatório crítico da comissão de inquérito. Por lei, um processo de exoneração forçada é muito complexo, tendo que passar pelo Banco Central Europeu, que nos seus estatutos garante a independência dos chefes dos bancos centrais face aos respectivos governos. A nomeação ocorre por proposta do ministro das Finanças, em resolução do Conselho de Ministros.

Falhando o apoio do PS na comissão parlamentar de inquérito, isso significa que deixa de existir o apoio do respectivo Governo. Foi um governo do PS que nomeou Constâncio governador pela primeira vez (Fevereiro de 2000) e foi um Governo do PS (o actual) que o reconduziu (Maio de 2006). O consulado do ex-secretário-geral do PS à frente do banco central “apanhou” todo o processo de degradação do BPN, que levou à necessidade, inédita desde o período revolucionário, de o Governo nacionalizar o banco, para evitar a sua falência. O “buraco” no BPN está avaliado em 1800 milhões de euros.

A constatação, pelo PS, de que é impossível ilibar o governador de responsabilidades no caso, será, no conjunto das pressões para que Constâncio se demita, uma espécie de cereja no topo do bolo.

As vozes mais veementes defendendo que se deve demitir têm-se ouvido no CDS. Começando por Paulo Portas, líder do partido, e acabando em Nuno Melo, o coordenador dos deputados centristas na comissão de inquérito. Em Novembro do ano passado, face a exigências de Portas para que se demitisse, Constâncio respondeu: “Nada me pesa na consciência em termos de ter cometido qualquer acto, deliberado ou por omissão, para ter contribuído para esta situação.”

O PCP exige o mesmo. Anteontem o deputado Honório Novo, membro da comissão parlamentar de inquérito, afirmou que “Vítor Constâncio já tem matéria de facto e de conteúdo para ter pedido a sua demissão.” Fê-lo quando confrontado com o facto de o Banco de Portugal ter recusado enviar vários documentos requeridos pela Assembleia. “A punição para o crime de desobediência qualificada está definida no código penal com pena de prisão ou multa”, comentou o parlamentar comunista. O Bloco também há tinha pedido a demissão do governador. Constâncio disse ontem, no Parlamento, que a oposição lhe faz exigências de supervisão que transformariam o banco central numa espécie de “KGB e FBI juntos”.

Na oposição, o PSD foi, até agora, o único partido que não exigiu a Constâncio que se demitisse. Na verdade, dentro do PSD, só o ex-líder Luís Filipe Menezes se pronunciou nesse sentido. Em Março passado, num jantar promovido por um blogue do Porto, o presidente da câmara de Gaia disse que “há muito” que Constâncio se deveria ter demitido do cargo. “Não digo que tenha tido algo a ver [com o escândalo no BPN] mas Jorge Coelho também nada teve a ver com a queda da Ponte de Entre-os-Rios e demitiu-se quando ela aconteceu”, disse.

Já em Janeiro do ano passado, Menezes tinha pedido o mesmo – então ainda líder do PSD – por causa do escândalo à volta do BCP. “Queremos saber se o governador do Banco de Portugal há três anos sabia exactamente o mesmo que soube dias atrás quando tomou a iniciativa de inibir um conjunto de administradores do BCP. Se isso se vier a verificar nós vamos exigir que seja demitido, que seja afastado do seu cargo”, disse então.

Guerra retorna a casa à Grã-Bretanha

A liberdade está a perder-se na Grã-Bretanha. A terra da Magna Carta é agora a terra das ordens secretas de silenciamento, dos julgamentos secretos e do aprisionamento. O governo irá em breve ter conhecimento de cada telefonema, de cada e-mail, de cada mensagem de texto.
Artigo de John Pilger, publicado em Informação Alternativa

A polícia pode atirar deliberadamente a matar sobre um homem inocente, mentir e esperar sair-se com a sua. Comunidades inteiras temem agora o estado. O Ministro dos Negócios Estrangeiros encobre rotineiramente alegações de tortura; o secretário da justiça impede rotineiramente a libertação de minutas críticas do governo tomadas quando o Iraque foi invadido ilegalmente. A ladainha é superficial; há muito mais.

Na verdade, há tanto mais que a erosão das liberdades liberais é sintomática de um estado criminal evoluído. O paraíso para os oligarcas russos, juntamente com a corrupção dos sistemas fiscal e bancário e dos outrora admirados serviços públicos, tais como os Correios, é uma das faces da moeda; a outra é a carnificina invisível das guerras coloniais falhadas. Historicamente, o padrão é familiar. Tal como os crimes coloniais na Argélia, no Vietname e no Afeganistão explodiram de retorno para os seus perpetradores – a França, os Estados Unidos e a União Soviética -, também os efeitos cancerígenos do cinismo da Grã-Bretanha no Iraque e no Afeganistão retornaram para casa.

O exemplo mais óbvio são as atrocidades bombistas em Londres em 7 de Julho de 2005; ninguém no mandarinato dos serviços de informações britânicos duvida que estas foram um presente de Blair. “Terrorismo” descreve apenas alguns actos de indivíduos e grupos, e não a violência constante e industrial das grandes potências. A supressão desta verdade é deixada para os media credíveis. Em 27 de Fevereiro, o correspondente de Washington do Guardian, Ewen MacAskill, ao relatar a declaração do Presidente Obama de que a América estava finalmente a deixar o Iraque, como se fosse verdade, escreveu: «Para o Iraque, o número de mortos é desconhecido, na ordem das dezenas de milhares, vítimas da guerra, de uma revolta nacionalista, de uma luta interna sectária e dos jihadistas atraídos pela presença dos EUA». Assim, os invasores anglo-americanos são apenas uma «presença» e não directamente responsáveis pelo “desconhecido” número de mortes iraquianas. Uma tal contorção do intelecto é impressionante.

Em Janeiro do ano passado, um relatório elaborado pela respeitada Opinion Research Business (ORB) reviu uma anterior avaliação das mortes no Iraque para 1.033.000. Isto seguiu-se a um estudo exaustivo e revisto por pares em 2006 pela mundialmente reputada Faculdade de Saúde Pública John Hopkins, nos EUA, publicado na revista The Lancet, que constatou que 655.000 iraquianos tinham morrido como resultado da invasão. Funcionários estadunidenses e britânicos imediatamente despacharam o relatório como “defeituoso” – um engano deliberado. Documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros obtidos ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação revelaram um memorando escrito pelo principal consultor científico do governo, Sir Roy Anderson, no qual ele elogiou o relatório de The Lancet, descrevendo-o como «robusto e emprega métodos que são considerados como próximos das “melhores práticas” dadas [as condições] no Iraque». Um assessor do primeiro-ministro comentou: «A metodologia utilizada aqui não pode ser maculada, trata-se de uma forma experimentada e testada de medir a mortalidade em zonas de conflito». Falando alguns dias depois, um ministro dos Negócios Estrangeiros, Lord Triesman, disse: «A forma pela qual os dados são extrapoladas a partir de amostras para um resultado geral é um motivo de profunda preocupação».

O episódio ilustra a escala e o engano deste crime de estado. Les Roberts, co-autor do estudo da revista The Lancet, tem argumentado desde então que a Grã-Bretanha e a América podem ter causado no Iraque «um episódio mais mortífero do que o genocídio ruandês». Isto não é notícia. Também não o é uma referência crítica na campanha pelas liberdades organizada pelo colunista do Observer, Henry Porter. Numa conferência realizada em Londres em 28 de Fevereiro, Lord Goldsmith, procurador-geral de Blair, que notoriamente mudou de opinião e que aconselhou o governo de que a invasão era legal, quando não o era, foi um orador a favor da liberdade. Também o foi Timothy Garton Ash, um “intervencionista liberal”. Em 9 de Abril de 2003, pouco depois da carnificina ter começado no Iraque, um Garton Ash eufórico escreveu no The Guardian: «A América nunca foi o Grande Satã. Foi por vezes o Grande Gatsby: “Eles foram pessoas descuidadas, o Tom e a Daisy – quebravam coisas…”». Uma das funções da Grã-Bretanha «é continuar a lembrar ao Tom e à Daisy que eles agora têm promessas a cumprir». Menos frivolamente, ele louvou Blair pelo seu «forte instinto gladstoniano pela intervenção humanitária», e repetiu a propaganda do governo sobre Saddam Hussein. Em 2006, escreveu: «Agora nós enfrentamos o próximo grande teste do oeste após o Iraque: o Irão». (O itálico de “nós” é meu). Isto também adere precisamente à propaganda; David Milliband declarou o Irão uma «ameaça» possivelmente em preparação para a próxima guerra.

Como tantos do grupo dos mais papistas que o Papa do Novo Partido Trabalhista, Henry Porter celebrou Blair como um político quase místico que «se apresenta como um harmonizador de todos os interesses antagónicos na vida britânica, um conciliador de diferenças de classe e antipatias tribais, sintetizador de crenças antagónicas». Porter despachou como «disparate demoníaco» todas as análises dos ataques de 9/11 que sugeriram que existissem causas específicas: as consequências das acções violentas empreendidas pelos poderosos no Oriente Médio. Tal pensamento, escreveu, «corresponde exactamente aos pontos de vista de Osama bin Laden… com os que odeiam a América, isso é tudo o que existe – ódio». Este, obviamente, era o ponto de vista de Blair.

As liberdades estão a perder-se na Grã-Bretanha devido ao rápido crescimento do “estado de segurança nacional”. Esta forma de militarismo foi importada dos Estados Unidos pelo Novo Partido Trabalhista. Totalitária na essência, apoia-se na invocação do fantasma do medo para entrincheirar o executivo com mecanismos legais venais que diminuem progressivamente a democracia e a justiça. A “segurança” é tudo, como também o é a propaganda que promove guerras coloniais rapaces, mesmo como erros honestos. Afastem essa propaganda, e as guerras são expostos por aquilo que são, e o medo evapora-se. Afastem a reverência de muitos na elite liberal britânica para com o poder americano e ficam reduzidos a uma profunda mentalidade colonial de cruzado que encobre criminosos épicos como Blair. Processem esses criminosos e mudem o sistema que os cria e terão liberdade.

Fonte: site de John Pilger, jornalista, escritor, autor de diversos documentários cinematográficos.