O Provedor e a injustiça


O Provedor da Justiça tem sido o encarcerado mais célebre de Portugal. Com ele não há a presunção de inocência. Para o PS e para o PSD, até prova em contrário, a sua tentativa de sair de um cargo para o qual foi eleito em 2000, mostra a sua culpabilidade. Qualquer que ela seja, talvez até estar há um ano à espera que elejam uma qualquer personagem para o substituir. Nascimento Rodrigues está farto, o que é compreensível. Mas acontece que quer, após nove anos, ir à sua vida. Mas não o deixam. Dentro do espírito retrógrado com que encaram a democracia portuguesa (uma dança de cadeiras onde há lugares marcados para cada um), PS e PSD não conseguem chegar a um acordo. Que defenda o interesse dos cidadãos e não, apenas, a gulodice dos partidos. O que se tem passado com a eleição do Provedor de Justiça é mais grave do que se pensa. Mostra como a partidarização da administração pública portuguesa se tornou uma monstruosidade. Que amarra a sociedade civil à vontade dos principais partidos portugueses. PS e PSD consideram-se o pai e a mãe da democracia portuguesa. Dividem o país e os cargos do Estado. E sufocam, com esta partilha, feita com uma faca e um queijo, a democracia. O drama de Nascimento Rodrigues é que, em nome da liberdade, o colocaram numa gaiola. Porque nem PS nem PSD têm a chave para a abrir. Porque são incapazes de soletrar a palavra liberdade. PS e PSD continuam a funcionar como um médico amador: praticam a anestesia sem cirurgia. O problema é que o paciente é Portugal.

Fernando  Sobral in J.Neg.

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