A sobrevivência de Sócrates

O jogo de José Sócrates é, desde domingo, o da sobrevivência. Os seus olhos continuam firmemente fixados no poder do Estado, porque sabe que, sem ele, será inexistente. Sendo um político pós-moderno que tudo deve à imagem, é um produto que só vive enquanto seduz as massas. Assim, Sócrates não sobreviverá ao seu prazo de validade. Sócrates sempre se guiou por um teleponto. Só que este agora treme, como se viu nas suas palavras, atabalhoadas, após a derrota. O grande problema é que Sócrates está refém de um estilo de governação que utilizou metodicamente durante quatro anos. Arrogante, indiferente às dúvidas, ocultando as objecções. Sócrates não tem dúvidas. Mas as dúvidas deixaram de ter respostas dele. Mas o PM só sabe governar assim. Como é que poderá, em três meses, mudar? Sócrates não tem Plano B. Não fará uma higiénica remodelação do Governo, porque ela não servirá para nada. Nenhum Botox muda a aparência de Sócrates. Ele, contrariamente ao que prometeu, não deu respostas nem à classe média, nem aos que trabalham nos sectores produtivos. Agrediu-os, cercou-os de impostos e de propaganda e não os escutou. O resultado está à vista. O Governo inicia agora uma longa marcha até às legislativas, onde o PS já não tem muitas hipóteses de optar por um discurso menos arrogante e mais amável. Sócrates sempre entendeu os eleitores como consumidores. Para ele tudo o que é imagem é a realidade. E tudo é mercadoria. O que se dá, pede-se de volta. Só que Sócrates deu muito pouco para pedir votos como contrapartida.

Fonte: J.N. por Fernando  Sobral

Bandwagon, underdog e voto útil – as eleições europeias e legislativas de 2009

Bandwagon, underdog e voto útil – as eleições europeias e legislativas de 2009

O efeito de contágio (ou bandwagon effect) – aquilo que chamo efeito Bernardino («para onde votas Bernardino? Voto para a força!») – não é, por si só, determinante dos resultados eleitorais.

Titanic%2BPortugalA partir de HARDMEIER, Sybille e CASTIGLIONE, Laura, The Underdog Effect of Pre-Election Poll Reporting: Theoretically and Empirically Underexposed, 2004, se percebe que, em termos médios, o bandwagon effect (7,57%) tem predomínio sobre o underdog effect (3,23%), ou efeito do coitadinho, em cerca de 4,4%. Não são valores desprezíveis. Mas, preveniu GARTNER, Manfred, Endogenous Bandwagon and Underdog Effects in Rational Choice Model, Março de 1976 – citando Laponce e Fleitas -, que o efeito de contágio (bandwagon effect) só funciona para eleições renhidas e para resultados indiferentes. Nestas eleições europeias de 2009, a decisão de votar, ou não, no partido de Sócrates não era indiferente e, portanto, todo o trabalho de veiculação e ampliação das sondagens astronómicas nos media, não deu o resultado esperado: o PS fez 26,58% dos votos… contra 44,5% nas anteriores europeias de 2004.

Por outro lado, de acordo com MEFFERT, Michael F. e GSCHWEND, Thomas, Polls, Coalition Signals, and Strategic Voting: An Experimental Investigation of Perceptions and Effects, 30-4-2007, o strategic vote (ou voto útil) valerá entre 5 e 15% dos votos, o que é mais significativo. Voto útil que funcionará nas próximas eleições legislativas, favorecendo, neste caso, o PSD que poderá ganhar o eleitorado do CDS-PP mais indiferente. Mas o voto útil não acontecerá no sentido do PS, pois os votantes do Bloco de Esquerda e do PC estão furiosos com a política capitalista de Sócrates; pelo contrário, poderá ainda consistir numa maior erosão socialista para a utilidade de um voto na verdadeira esquerda do Bloco (o contágio da força impressionante do grito ritmado da festa do Bloco na noite de 7-6-2209: “é Esquerda, é Esquerda, é Bloco de Esquerda”) e no PC.

O PSD deverá agregar também o apoio de pequenas forças políticas da plataforma moral da direita e do centro, através de um acordo político pré-eleitoral. E não se trata apenas do momento do voto, mas da unidade das forças coligadas e da sua projecção que derrube o adversário socialista e provoque a adesão e entusiasmo popular massiço. Não basta pensar que tal se atinge somente com o CDS-PP, num simples acordo de partilha de poder. O que estas eleições também demonstraram – além do desvanecimento do canto das sereias sistémicas do Bloco Central, sobrepujado pela voz decisiva do sufrágio – é que, sem essa unidade de forças, a votação no PSD nas legislativas não será suficiente.

Já teve mais utilidade do que as sondagens astronómicas a campanha socialista para o voto branco (ou nulo) como forma de mostrar descontentamento – e evitar a deslocação de votos para partidos concorrentes… Os votos brancos subiram de 2,6% em 2004 para 4,6% em 2009. Ceteris paribus – e sabe-se que o mundo não para… -, a continuar assim, o voto branco atinge a maioria absoluta desejada pelos nihilistas em… 100 anos!…

Nas próximas eleições legislativas os eleitores que votaram branco serão aliciados pelos partidos: os novos votantes brancos (socialistas que votaram contra o Governo Sócrates) serão aliciados pelo PS para que regressem, o que é improvável, e pelo PSD, para que se decidam, bem como por outros partidos. Um grande volume de voto branco é insustentável porque os partidos têm de lhes oferecer alternativas e, por muito que seja a desilusão dos votantes brancos antigos (desiludidos com as forças da direita) e novos (desiludidos com o socialismo), acabarão por decidir um voto afirmativo nalguma proposta que lhes pareça mais coerente. Em qualquer caso, os novos votos brancos não regressarão agora ao PS socratino.

Portanto, com esta vitória, com o seu efeito de contágio sobre o cidadão temeroso e com o sentimento anti-socratino de três quartos dos eleitores, estão criadas as condições para uma derrota completa do Partido Socialista nas eleições legislativas. Quando apontei para uma votação do PS na casa dos 29% (que não chegou sequer a alcançar, ficando-se por 26,58%) indiquei, a quem me questionava para a ousadia do objectivo, que essa queda seria um trampolim para os 25% nas legislativas de Setembro. Não eram previsões: eram objectivos realistas, traçados em função das condições políticas e da projecção da força justa.

Não funciona com o povo, por exagero do uso do instrumento manhoso, a desvergonha das sondagens astronómicas, atiradas para nos convencer da aritmética sistémica demonstrada no 1984 de George Orwell (viva José Sarney!):

«‘You are a slow learner, Winston,’ said O’Brien gently.
‘How can I help it?’ he blubbered. ‘How can I help seeing what is in front of my eyes? Two and two are four.’
‘Sometimes, Winston. Sometimes they are five. Sometimes they are three. Sometimes they are all of them at once. You must try harder. It is not easy to become sane’.»

Creio que o PS terá um resultado abaixo de 25% nas legislativas de Outubro.

Publicado por António Balbino Caldeira em Do Portugal Profundo

O Abuso do uso da mentira

José Sócrates transformou ontem as europeias numa sondagem ao Governo e às suas políticas de aposta no investimento público para sair da crise.

Falando, em Lisboa, na apresentação do manifesto eleitoral do PS para as eleições europeias, o secretário-geral do PS acrescentou, porém, que também a oposição está sob escrutínio popular. “O que estará em causa não é apenas a avaliação do Governo mas também a avaliação de uma oposição que ao longo destes quatro anos não foi capaz de produzir uma alternativa”.

Acrescentando, umas frases adiante, depois de uma veemente defesa das políticas de reforço do investimento público como um dos antídotos da crise: “Estas eleições são a oportunidade para afirmarmos aquilo que é o caminho para sairmos da crise.”

Sócrates voltou a reafirmar que está disponível para discutir as “questões nacionais” na campanha europeia: “Vamos a elas”, disse. Mas sublinhou que a escolha, do ponto de vista interno, é “entre direita e esquerda”. “O radicalismo – disse – nunca construiu nada. Ao contrário, só destruiu.”

José Sócrates, que esteve presente nas cerimónias do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Santarém, rejeitou que o Presidente da República, Cavaco Silva, tenha defendido hoje, no seu discurso nas comemorações, que o Governo perdeu legimitidade na sequência dos resultados eleitorais de domingo.

“O Presidente da República não é o porta-voz da oposição, bem pelo contrário, e ainda por cima no dia 10 de Junho”, afirmou Sócrates.

O primeiro-ministro reiterou que “a legitimidade de um Governo é adquirida no momento das eleições e a legislatura terminará na altura das eleições legislativas”.

“Eu acho isso muito contrário àquilo que são as normas constitucionais e democráticas. Nunca nenhuma oposição reclamou depois de eleições autárquicas ou europeias que o Governo perde legitimidade. Eu não aceito isso”, porque o país “precisa de um Governo actuante”, disse aos jornalistas, no final da sessão solene.

Sócrates considerou ainda que, para enfrentar a crise, o governo “tem de ter todos os poderes para responder aos problemas do país”.

“Era o que faltava que o Governo agora ficasse diminuído. Não. Esta legislatura termina na altura das legislativas e até lá o governo mantém toda a capacidade, toda a legitimidade para tomar as decisões no sentido de cumprir o seu programa”, realçou.

António Barreto exorta o poder a dar “o exemplo”

Comemorações do 10 de Junho
António Barreto exorta o poder a dar “o exemplo”
10.06.2009 – 14h45 Maria Lopes

O sociólogo António Barreto exortou hoje os diversos poderes, do político ao empresarial, a serem exemplos para o resto da sociedade portuguesa.

No discurso na sessão solene do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Europeias, o presidente da comissão organizadora das comemorações fez várias críticas a algumas opções de Estado — como a guerra colonial —, ao funcionamento das instituições e ao facto de a sociedade portuguesa ainda não ter sabido aplicar parte dos ideais com que fez a democracia.

Pegando no exemplo da “elevadíssima” abstenção das eleições de domingo, Barreto apontou que a cidadania europeia é ainda “uma noção vaga e incerta”, inventada por políticos e juristas, mas que pouco diz ao cidadão comum.

“A sociedade e o estado são ainda excessivamente centralizados. As desigualdades sociais persistem para além do aceitável. A injustiça é perene. A falta de justiça também. O favor ainda vence vezes demais o mérito. O endividamento de todos […] é excessivo e hipoteca a próxima geração”, afirmou António Barreto.

Perante o Presidente da República, o primeiro-ministro, membros do Governo e altas patentes militares, António Barreto — que substituiu o falecido João Bénard da Costa na comissão das comemorações — elogiou, por outro lado, a consolidação do regime democrático — ainda que “recheado de defeitos” —, a evolução da situação das mulheres, a pluralidade da sociedade portuguesa e a filosofia do Estado de protecção social.

O sociólogo defendeu que os portugueses precisam do “exemplo” dos seus heróis — como o que hoje se comemora, Luís de Camões — “mas também dos seus dirigentes”. “Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista”, justificou.
E apelou ao exemplo pela justiça e pela tolerância, pela “honestidade e contra a corrupção”, pela eficácia, pontualidade, atendimento público e civilidade de costumes, contra a decadência moral e cívica, pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo.

Publico

Mentes brilhantes

Ou muito me engano ou já faltará pouco para ouvirmos falar do risco da estabilidade do regime se as esquerdas continuarem a contrariar nas urnas este conceito de democracia a dois. Uma maçada, isto das insignificâncias se tornarem significantes

Não sei se já repararam, mas Portugal tem, desde o último domingo, um problema de “ingovernabilidade”.Ao contrário do que seria de supor, o problema de “governabilidade” não é decorrente da hecatombe eleitoral do PS nas “europeias”. Ao que parece, nem sequer resulta das trapalhadas em que os socialistas se meteram ao longo deste tempo. Nem – já agora – da identidade que perderam, se é que alguma vez a tiveram.O problema da “ingovernabilidade” muito menos decorre da vitória do PSD nas eleições europeias. Nem da memória do seu registo recente de passagens pelo Governo.

Habituados a considerar “governabilidade” o dois-em-um em que os partidos “do arco do poder” vão gerindo a estafada vidinha pública em Portugal desde os primórdios da democracia, o habitual desfile de comentadores vê o risco de “ingovernabilidade”, isso sim, na subida “preocupante” de uma denominada “esquerda radical”.

Pela voz de alguns opinadores de serviço – a este respeito, as noites eleitorais são uma visita guiada à variedade da fauna – ficamos, pois, a saber que o facto do Bloco de Esquerda e a CDU terem ultrapassado os 20 por cento de votos é que é potencialmente perigoso para a democracia. A democracia, essa, é que continua a não fazer caso de sondagens e opinadores e lá vai aparentando, pelo menos nos votos expressos, uma aparente tendência para chatear.

Confesso que não sei como pode ser ingovernável algo que ainda não se conhece. Neste capítulo, muitos dos nossos comentadores não se distinguem de um conservador empedernido: preferem um mal que conhecem a um bem desconhecido. Na verdade, passam o tempo a desancar os governos que temos, os partidos que temos, os políticos que temos, os escândalos que temos e a democracia que não temos. Mas na hora em que paira no ar a possibilidade de um novo panorama político condicionar seriamente a paz podre do regime, multiplicam-se os alertas sobre os perigos da “ingovernabilidade”.

Quer isto dizer que a “ingovernabilidade” só é capaz de ser uma coisa boa se tiver a aparência de governabilidade. E incluir os habituais protagonistas da chamada “alternância de poder”. Governável ou não governável, o País dos nossos opinadores aguenta bem o bloco central de facto ou qualquer conveniência de regime. Pelos vistos, o que não suporta mesmo é ter de lidar com algo que possa estragar o arranjinho mais duradouro da nossa democracia.

Ou muito me engano ou já faltará pouco para ouvirmos falar do risco da estabilidade do regime se as esquerdas continuarem a contrariar nas urnas este conceito de democracia a dois. Uma maçada, isto das insignificâncias se tornarem significantes.

PRÉMIO LEMNISCATA

Premio_Lemniscata

Este prémio foi-me gentilmente oferecido pelo Blog Bilros & Berloques pelo Blog  O Pafúncio

“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores.

Sobre o significado de LEMNISCATA:

LEMNISCATA: “curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante.”

Lemniscato: ornado de fitas
Do grego Lemniskos, do latim, Lemniscu: fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores

(In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)

Acrescento que o símbolo do infinito é um 8 deitado, em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior nem exterior, tal como no anel de Möbius, que se percorre infinitamente.

Texto da editora de “Pérola da cultura”

Segundo as regras este prémio é para ser atribuído a 7 blogues.

E o PRÉMIO LEMNISCATA desta vez vai para:

O Cartel

porquemedizem

Wehavethekaosinteharden

Vento Sueste

Rei dos Leitões

O Marreta

O Libertário

rescaldo das eleições

No rescaldo das eleições que deram a vitória ao PSD, socialistas pedem reflexão, mas recusam mudanças na política do Governo. Presidente da República diz que o importante agora é que Durão Barroso seja reeleito como presidente da Comissão Europeia.No rescaldo das eleições que deram a vitória ao PSD, socialistas pedem reflexão, mas recusam mudanças na política do Governo. Presidente da República diz que o importante agora é que Durão Barroso seja reeleito como presidente da Comissão Europeia.

Silêncio absoluto sobre o resultado das europeias. Mas, pelo meio, uma crítica implícita a Vital Moreira e a todos os que, como Mário Soares, não queriam que lhe fosse renovado o mandato de presidente da Comissão Europeia. O Presidente da República foi ontem interpelado sobre as eleições de domingo e assim se pode sintetizar o seu comentário.

“O Presidente da República não comenta resultados de eleições, isso é matéria que compete aos analistas e eu não direi uma única palavra sobre os resultados”, afirmou Cavaco Silva. Mas acrescentando logo de seguida que “o mais importante para o interesse de Portugal é que o doutor Durão Barroso seja eleito como presidente da Comissão Europeia”. Porque fez “um excelente trabalho no seu primeiro mandato” e porque “só quem não conhece as competências da Comissão Europeia é que pode subestimar o que significa para Portugal, para os nosso interesses, ter um português como presidente da Comissão Europeia”. “Espero que, na sequência dos resultados que já são conhecidos nos 27 Estados membros, Durão Barroso seja escolhido para um novo mandato. Acho que será algo muito, muito valioso para Portugal.”

Cavaco não comentou, portanto, nem os resultados partidários nem a abstenção (62,9%) nem a explosão do número de votos brancos e nulos (passou de 134 mil em 2004 para 235 mil no domingo passado, ou seja, 6,6% dos votos expressos).

 4 anos de merda

O PS está a olhar com atenção para este números e ontem, em declarações ao DN, dois dirigentes, Edite Estrela e Augusto Santos Silva, concordaram em considerar que são votos que resultam de descontentamento com o Governo.

Sublinham, contudo, que é um voto que nas próximas legislativas tanto se pode manter onde está (nos brancos e nulos) como transferir-se para a oposição como até regressar ao PS, de onde pensam que vem a maior parte.

Se os socialistas viram crescer a direita (PSD e CDS juntos representam 40% dos votos, mais 7% do que obtiveram em 2004, então em coligação) não devem estar menos preocupados com o que aconteceu à sua esquerda. CDU e BE conseguiram, em conjunto, 21,4% dos votos. U m crescimento muito significativo face aos 14% que os dois partidos tiveram há quatro anos.

A leitura dos dados em cada distrito mostra que quer a CDU, quer o BE tiveram uma tendência generalizada de crescimento. A coligação entre PCP e PEV obteve a vitória em três distritos (Setúbal, Évora e Beja), o que é mais do que o PS pode dizer: os socialistas venceram apenas dois distritos (Portalegre e Lisboa).

A diferença está, no entanto, nos valores – onde a CDU cresceu dois ou três pontos percentuais, o BE duplicou e triplicou votações. Alguns exemplos. Em Portalegre, a CDU subiu de 15,5 para 17,9; o BE de 2,6 para 9,6. Em Coimbra, a CDU subiu de 5 para 7%, o Bloco de três para 9,8.

No Norte e Centro do País, bem como no Algarve (onde os bloquistas conseguem os melhores resultados), o BE ultrapassa a CDU na generalidade dos distritos. No Alentejo, os comunistas mantêm votações dez a vinte pontos acima do partido de Francisco Louçã. E também ganharam em Lisboa.

Os resultados, ao colocarem o PSD à frente, mas com o CDS-PP conseguindo um score dentro dos seus níveis habituais (8,3%), fazem também ressuscitar a ideia de “Aliança Democrática”, ou seja, de uma aliança de Governo entre o PSD e o CDS, como a do finais da década de 70 do século passado e como a de 2002 a 2005.

O PSD venceu mas com um resultado percentual muito distante da maioria absoluta. Dito de outra forma: colocou-se numa plataforma ascendente para regressar ao Governo, mas num quadro de maioria relativa. Nem Manuela Ferreira Leite nem Paulo Portas alguma vez negaram esta hipótese. Trabalharam juntos no Governo de Durão.

Fonte: D.N.

Professores de moral ameaçam Estado com tribunal

por RITA CARVALHOHoje

Bispos enviaram ontem um comunicado a Sócrates a dizer que os docentes católicos são discriminados pela tutela, que os limita às aulas de moral e os impede de participar na gestão escolar.

Os professores de moral ameaçam contestar em tribunal as novas ordens do Ministério da Educação. Ordens estas que, acusam, limitam a sua actividade escolar a esta disciplina, impedindo-os de dar aulas de outras áreas e de participar na gestão da escola, como até agora. A hipótese de recorrerem a tribunal foi avançada ao DN por Jorge Paulo, responsável do departamento de educação moral e religiosa católica da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

Os bispos, que têm conduzido as negociações sobre educação moral, e que já acusaram a tutela de discriminar os professores católicos, enviaram ontem um comunicado com as suas críticas ao primeiro-ministro. “Não há mais condições para negociar. Houve uma quebra de confiança. E a Igreja não pode fazer mais nada”, diz Jorge Paulo. Aos professores, resta defender os seus direitos em tribunal: “Há muitos que se sentem lesados e estão mobilizados para isso.”

Há mais de três anos que Governo e Igreja discutem a educação religiosa na escola pública. Os católicos acusam a tutela de empurrar as aulas para horas “que levam os alunos a desistir, como antes do início das aulas ou ao final do dia”. No ensino básico, diz Jorge Paulo, “a maioria das escolas nem disponibiliza esta disciplina”

Em Janeiro, houve uma reunião com a ministra da Educação, o ministro da Presidência e o assunto passou a ser conduzido pela Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. “Depois de termos enviado as nossas preocupações, fomos surpreendidos com a carta do sr. secretário de Estado em que se impunham as soluções.”

Em causa está o estatuto destes professores. “Só podem dar outra disciplina ou ter um cargo na escola quando o horário não estiver totalmente preenchido com aulas de moral.” Para a CEP, isto é uma forma de limitar os professores às aulas de moral e “impedi-los de participar na gestão activa da escola, o que não acontecia”. Jorge Paulo diz que sempre houve professores com direcções de turma e até no conselho executivo.

Fonte: D.N.

Energia e guerra pelo controlo da Eurásia

06-Jun-2009 Símbolo do lançamento do pipeline entre o Turquemenistão e a ChinaUm imenso campo de batalha pela energia estende-se desde o Irão até ao Oceano Pacífico. É lá que a Guerra Líquida pelo controlo da Eurásia tem lugar”, salienta o jornalista Pepe Escobar, autor deste artigo publicado no site alternet.org. Devido à sua extensão o artigo será publicado em três partes.

Condustão”1: Tudo o que Precisa de Saber sobre Petróleo, Gás, Rússia, China, Irão, Afeganistão e Obama (parte I)

À medida que Barack Obama entra nos seus segundos cem dias como presidente, vejamos o enquadramento, a última conspiração, a pressa tumultuosa em direcção a uma ordem mundial nova e policêntrica. Nos seus primeiros cem dias, a presidência de Obama introduziu uma nova sigla, OCE – Operações de Continência Extraterritoriais (em inglês: OCO para Overseas Contigency Operations), anteriormente conhecidas por Guerra Global Contra o Terrorismo (GGCT). Use-se um ou outro nome, ou qualquer outra coisa, do que realmente se está a falar é sobre o que está a acontecer no imenso campo de batalha pela energia que se estende desde o Irão até ao Oceano Pacífico. É lá que a Guerra Líquida pelo controlo da Eurásia tem lugar.

Sim, tudo se resume ao ouro negro e ao “ouro azul” (gás natural), riquezas de hidrocarbono sem comparação e, portanto, é tempo de voltar atrás neste paraíso infinito que se pode designar por “Condustão”. É tempo de limpar o pó às siglas, especialmente à OCX ou Organização Cooperativa de Xangai, a resposta asiática à NATO, e aprender algumas novas como IPI e TAPI. Acima de tudo, é tempo de conhecer as mais recentes manobras no tabuleiro de xadrez gigante que é a Eurásia e no qual Washington quer ser o jogador crucial ou até dominante.

Já vimos guerras de “condustão” no Kosovo e na Geórgia e seguimos o principal sistema de condutas de Washington, o BTC, que deveria desviar o fluxo de energia para Oeste, obrigando o curso de petróleo a passar ao lado do Irão e da Rússia. Contudo, as coisas não resultaram, mas temos de continuar pois o Novo Grande Jogo nunca pára. Agora é tempo de agarrar aquilo que define a Grelha Asiática de Segurança Energética, é tempo de visitar uma república surreal de gás natural e perceber porque é que esta grelha está tão envolvida na guerra do Afeganistão – Paquistão (Af-Pak).

Todas as vezes que visitei o Irão, os analistas energéticos sublinham a “interdependência total da geo-ecopolíticas da Ásia e do Golfo Pérsico.” Isto define a importância de várias e grandes potências da integração asiática através da crescente massa de condutas de energia que um dia, inevitavelmente, vão ligar o Golfo Pérsico, a Ásia Central, a Ásia do Sul, a Rússia e a China. O maior trunfo iraniano perante a integração asiática está no campo gigantesco de gás natural South Pars (que está dividido entre o Irão e o Qatar). Estima-se que possua pelo menos 9% das reservas mundiais de gás natural.

Tanto quanto mais Washington possa viver em negação perpétua, a Rússia e o Irão controlarão cerca de 20% das reservas mundiais de petróleo e 50% das reservas mundiais de gás natural. Pense-se nisto por um momento. É então fácil de perceber que, para os líderes de ambos os países assim como para a China, a ideia da integração asiática, da Grelha, seja sacrossanta.

Se alguma vez for construído, o maior nó nesta Grelha será com certeza a linha de condutas Irão-Paquistão-Índia (IPI), também conhecido por “condutas da paz,”que valem 7,6 mil milhões de dólares. Depois de anos disputa, em 2008 iniciou-se um acordo quase miraculoso para a sua construção. Pelo menos neste caso, tanto o Paquistão como a Índia deviam permanecer ombro a ombro para rejeitar a pressão incansável por parte da Administração Bush no sentido de não aceitarem o acordo.

Não podia ser de outra forma. O Paquistão é energeticamente pobre e um cliente desesperado da Grelha. Há um ano atrás, num discurso na Universidade Tsinghua em Pequim, o então Presidente Musharraf fez tudo excepto implorar à China para investir nas condutas que ligariam o Golfo Pérsico e o Paquistão ao Extremo Ocidente chinês. Se isto acontecesse, ajudaria a transformar o Paquistão de um Estado quase falhado para um poderoso “corredor de energia” para o Médio Oriente. Se se pensar na linha de condutas como um cordão umbilical, não é necessário dizer que o IPI, mais do que qualquer ajuda dos EUA (ou direito de interferência), seria um passo em frente no caminho da estabilização do Paquistão dentro do teatro de operações da Guerra Af-Pak de Obama e, possivelmente, seria também um alívio na sua obsessão em relação à Índia.

Se o destino do Paquistão reside nesta questão, o do Irão reside noutra. Embora actualmente possua apenas o estatuto de “observador” na OCX, mais cedo ou mais tarde tornar-se-á membro e poderá gozar do estilo NATO, ou seja, a protecção de “um ataque contra um de nós é um ataque contra todos nós”. Imagine, então, as consequências catastróficas de um ataque preventivo de Israel (apoiado ou não pelos EUA) às estruturas nucleares do Irão. A OCX vai começar a trabalhar sobre este problema na sua próxima Cimeira em Junho, em Iekaterinburgo, Rússia.

As relações do Irão com Rússia e com a China são excelentes e continuarão assim não obstante o presidente iraniano que for eleito no próximo mês. A China precisa desesperadamente do gás e do petróleo iranianos, já conseguiu o “acordo do século” de 100 mil milhões de dólares sobre o gás e tem toneladas de armas e bens de consumo baratos para vender. Não menos próxima do Irão, a Rússia quer vender-lhes ainda mais armas assim como tecnologia para a energia nuclear.

E depois, ao movimentarmo-nos para Este da Grelha, encontramos o Turquemenistão, localizado na Ásia Central e que, ao contrário do Irão, pode nunca ter ouvido falar. Vamos corrigir isso agora.

Gurbanguly é o homem

O rei-sol do Turquemenistão, o manhoso e louco Saparmurat “Turkmenbashi” Nyazov, “o pai de todos os turquemenos” (descendentes de uma raça formidável de cavaleiros nómadas que atacavam as caravanas da Rota da Seda) está morto mas longe de ser esquecido.

Os chineses eram grandes entusiastas de Turkmenbashi. E o entusiasmo era recíproco. Uma razão fundamental para que os asiáticos centrais gostassem tanto de negociar com a China é o facto de o Reino do Meio trazer pouca bagagem imperial, ao contrário da Rússia e dos EUA. E claro, a China nunca vai pressionar ninguém sobre os direitos humanos ou fomentar uma revolução de cor de espécie alguma.

Os chineses já começaram a pressionar com sucesso o novo presidente turquemeno, o espectacularmente chamado Gurbanguly Berdymukhamedov, para acelerar a construção da mãe de todas as condutas. Este corredor do “condustão” Turquemeno-Cazaque-Chinês que vai desde o Este do Turquemenistão até à província chinesa de Guangdong, será a mais longa e a mais cara linha de condutas do mundo: 7 mil km de canos de aço com o assombroso custo de 26 mil milhões de dólares. Em 2007, quando a China assinou o acordo para a sua construção, asseguraram-se que seria adicionada uma questão geopolítica muito astuta. O acordo afirma explicitamente que os “interesses chineses” não serão “ameaçados a partir do território (do Turquemenistão) por terceiras partes.” Traduzindo, não serão permitidas bases do Pentágono neste país.

Eurásia

A hábil diplomacia energética da China em relação às Ex-Repúblicas Soviéticas da Ásia Central é uma vitória. No caso do Turquemenistão, são oferecidos negócios lucrativos e as parcerias com a Rússia são encorajadas para aumentar a produção de gás. Não existem antagonismos entre a Rússia e a China pois é conveniente serem os principais parceiros na OCX porque a história da Grelha Asiática de Segurança Energética é verdadeiramente sobre eles.

Já agora, por toda a Grelha, estes dois países concordaram recentemente em estender o oleoduto que vai do Este da Sibéria ao Oceano Pacífico até à China, até finais de 2010 pois a China precisa não apenas do gás turquemeno mas do gás natural líquido russo (GNL).

Com os preços baixos e a economia global a regredir, os tempos são duros para o Kremlin, pelo menos até 2010, mas este facto não influenciará negativamente a sua pressão no sentido de se formar um clube central asiático de energia dentro da OCX. Pense-se nisto como uma entente cordiale com a China. Ivan Materov, o Ministro da Energia e Adjunto da Indústria, tem sido daqueles que insiste que isto não conduzirá a uma “OPEP do gás” dentro da OCX. Fica para observar como é que a equipa de segurança nacional de Obama decide contra-atacar a estratégia russa, bem sucedida, para minar através de todos os meios um corredor de energia promovido pelos EUA via Mar Cáspio, enquanto que a consolidação de um “condustão” que se estende desde o Cazaquistão até à Grécia, controlará o fluxo de energia para a Europa Ocidental.

Tradução de Sofia Gomes para esquerda.net

Siglas usadas no artigo:

Af-Pak: Afeganistão-Paquistão

BTC: Conduta Baku-Tblisi-Ceyhan

CTA: Conduta Trans-Afegã

Grelha: Grelha Asiática de Segurança Energética

IPI: Irão-Paquistão-Índia

OCX: Organização Cooperativa de Xangai

TAPI: Turquemenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia

1 Tradução da expressão em inglês, original no artigo, “Pipeline-istan” que junta a palavra “pipeline” com o sufixo “istan” (de palavras como Pakistan, Afghanistan…). “Condustão” é a junção da palavra conduta com o sufixo “stão” (de palavras como Paquistão, Afeganistão…).

Fonte: Esquerda.net

Qual a causa da força do Bloco em Portimão?

Artigo interessante do Miguel Madeira. As respostas às questões formuladas também não as tenho. Mistério?

O melhor resultado distrital do Bloco de Esquerda foi em Faro, e o melhor resultado concelhio em Faro foi em Portimão. Em termos nacionais, Portimão é capaz de ter sido o terceiro melhor resultado concelhio do BE (17,09%), atrás do Entrocamento (20,12%) e de Salvaterra de Magos (18,86%).

A esse respeito (dos resultados no Algarve no seu todo), Jorge Candeias
escreve:

O Bloco não tem estruturas locais particularmente visíveis, nenhum dos seus dirigentes de maior relevo é oriundo da região, não há no Algarve nenhum dos factores que costumam associar-se ao Bloco, e, no entanto, olhando para o país todo, vê-se que é no Algarve que o Bloco obtém maior percentagem, praticamente 15%. Só o distrito de Setúbal lhe chega perto, também acima dos 14%. No meu concelho, Portimão, chega mesmo aos 17%, e na freguesia de Portimão, isto é, na cidade propriamente dita, aproxima-se dos 17,5%.

A respeito dos resultados de Portimão, escreveu há uns tempos:

Não me peçam uma explicação concreta, que não sou sociólogo, mas tenho uma ideia. Sempre achei que Portimão era uma grande cidade de pequenas dimensões, isto é, uma cidade pequena (a caminhar para média) com espírito, mentalidade e ambiente de grande cidade, contrastando nesse aspecto com alguns aglomerados urbanos até maiores que, no entanto, mantém uma maneira de olhar para o mundo bem mais aldeã.

Eu não tenho tanta certeza que Portimão seja uma grande cidade em ponto pequeno – o ambiente de Portimão parece-me muito diferente do de Lisboa, p.ex.

E aqueles aspectos das grandes cidades que costumam estar associados a partidos estilo BE parecem-me em grande parte ausentes em Portimão: poucos estudantes universitários, reduzido meio “artístico” e/ou “intelectual”, penso que pouca classe-média-assalariada-instruída (quase só os professores me parecem encaixar nesse perfil), pouca “cena alternativa”, etc. Em termos de vida nocturna, acho que o Bairro Alto tem um peso relativo em Lisboa muito maior do que o Porta Velha/Chocolate Café/Bom Apetite/alguma-coisa-que-me-escape têm em Portimão (nesta analogia, estou a equiparar a Praia da Rocha e Alvor à 24 de Julho e às Docas).

Ou seja, qual a causa da força do BE em Portimão? Sinceramente, não sei. Talvez escreva mais alguma coisa sobre isso, se me ocorrer algo.

A respeito de nenhum dirigente bloquista ser oriundo da região – a família materna de Louçã e do Algarve, mas duvido que isso tenha importância.

Publicada por Miguel Madeira em Vento Sueste

A ressaca do dia seguinte a umas europeias

Derrotado

Que retive eu desta noite eleitoral. O Socretino levou na cabeça e o PS perdeu quase 600 mil votos. Não sei o que pensam os militantes do PS, mas se indiscutivelmente estes votos perdidos são o resultado das políticas que tem feito, devem ter ficado preocupados quando o ouviram dizer que não as ia mudar e que ia continuar no mesmo rumo. Quantos mais votos estarão eles dispostos a perder até às próximas eleições? Depois foi as vitórias da esquerda. Ouvir o PC a cantar de galo, dizendo que foi uma enorme vitória de todos os que votaram no partido ou o BE a cantar de galo por ser a terceira força politica, deixou-me preocupado. Acredito que como partidos possam cantar vitória, pelo menos no “carcanhol” das subvenções do estado terão ganho alguma coisa, mas nós, cidadãos e o país o que ganhámos? Continuamos presos á Europa e o Parlamento Europeu, agora eleito, ainda é mais à direita que aquele que nos tem lixado nos últimos anos. O neo-liberalismo europeu só tende a agravar-se e com ele mantermo-nos no rumo do descalabro, do desemprego, da perda de direitos sociais, da privatização de tudo o que é público e da pobreza. Que ganhámos nós em ter mais dois ou três deputados de partidos que se dizem de esquerda? Vão mudar as políticas europeias?
Do CDS fica a questão, de apesar de terem feito uma festa com os resultados conseguidos, saber se o Portas, que nas ultimas eleições se demitiu por haver um partido de extrema-esquerda, à sua frente, o BE, vai voltar a fazer o mesmo? A coerência devia dizer-lhe que sim, mas sabemos que isso é coisa que esta gente não tem.
Quanto ao resto, e para que fique registado, que os 22 deputados foram eleitos com os votos de pouco mais de 3 milhões dos 9 milhões de eleitores (142 mil votos por cada deputado). Seis milhões, votaram noutros partidos, em branco, anularam o voto ou simplesmente abstiveram-se.

Publicada por Kaos

A revogação da divisão da carreira e da avaliação burocrática já se avista. O Compromisso Educação deu um contributo importante para a derrota de Sócrates e de MLR

Contra os mais cépticos e descrentes, já se avista a revogação da divisão da carreira e o fim deste desacreditado modelo de avaliação (duas reivindicações identitárias do PROmova).
Todavia, não podemos baixar os braços, pois até às eleições legislativas temos pela frente muito trabalho de desgaste e de isolamento político deste PS.
Contamos com o apoio de todos os colegas nesta luta pela justiça, pela decência, pela cooperação nas escolas e, sobretudo, pela recuperação de um ar respirável nas salas de professores das escolas públicas portuguesas!
Fonte: PROmova
Comentário
Lembram-se das vozes dos cépticos? Ecoaram pela blogosfera sob a forma de comentários, resumindo os lamentos dos que afirmaram: “fomos derrotados, eles ganharam!” Sem fé e esperança não se ganham batalhas. O PROmova, a APEDE e o MUP não se juntaram aos lamentos e o resultado está à vista. Quando tudo parecia perdido aos olhos dos que desistem facilmente, avista-se agora a revogação da divisão da carreira e do modelo de avaliação burocrática. O Compromisso Educação, silenciado por uns e criticado por outros, fez o seu caminho, isolou o PS e juntou todos os partidos da oposição na defesa das principais reivindicações dos professores. Agora que a maioria absoluta do PS é uma miragem, a vitória está ao alcance dos professores. Basta insistir mais um pouco: três meses. O que é isso para quem tanto sofreu durante quatro anos e meio?
Publicada por Ramiro Marques

Simulacro europeu

por Serge Halimi

«Imaginemos», escreve Vaclav Havel, «uma eleição cujos resultados são em grande parte previamente conhecidos e à qual se apresenta uma sucessão de candidatos de notória incompetência. Qualquer escrutínio pretensamente democrático organizado dessa maneira não poderá deixar de ser classificado como uma farsa» [1]. O antigo presidente checo não tinha aqui em mente o Parlamento Europeu, mas sim o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. No entanto…

Desde a primeira eleição dos deputados europeus por sufrágio universal, em 1979, a taxa de abstenção saltou de 37 para 54 por cento. Todavia, os poderes deste Parlamento foram incrementados e o seu campo de acção abrange 495 milhões de habitantes (contra 184 milhões há trinta anos). A Europa ocupa o palco; mas não tem impacto sobre o público. Porquê?

Sem dúvida porque não existe realmente uma comunidade política continental. A esperança de que a simultaneidade de vinte e sete escrutínios nacionais, quase sempre disputados à volta de questões internas, venha um dia a resultar no advento de uma identidade europeia continua a ser da alçada do pensamento mágico.

Terão os eslovenos qualquer conhecimento, mesmo aproximativo, dos debates eleitorais suecos? Informar-se-ão os alemães a respeito da vida política búlgara? Mas após o escrutínio europeu, tanto uns como os outros ficam a saber que em Estocolmo ou em Sófia o veredicto das urnas pode ter infirmado o resultado da única eleição a que prestaram alguma atenção, e que os seus votos, na realidade, designaram apenas 1 por cento (Eslovénia) ou 13,5 por cento (Alemanha) do total dos deputados da União [2]. Será possível imaginar que uma revelação deste género não leva o eleitor a sentir-se relativamente inútil? Impressão essa que os governantes europeus não contradisseram, ao ignorarem a escolha feita sucessivamente por três povos no tocante ao Tratado Constitucional, ao cabo de uma campanha que, nesse caso, mobilizou o interesse dos eleitores e os empolgou.

Em França, sete das oito circunscrições eleitorais foram retalhadas unicamente com o objectivo de favorecer os grandes partidos; não correspondem a nenhuma realidade histórica, política ou territorial. A circunscrição do Sudeste tem aliás como líder um socialista outrora eleito no Noroeste e que classificou a sua própria transferência como um «suplício». Esse, no entanto, está previamente eleito, tal como a ministra francesa da Justiça, tão pouco interessada pelo escrutínio que julga que é em Haia, e não na cidade de Luxemburgo, que o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias tem a sua sede. Em Itália, Silvio Berlusconi encarou sem hesitação a possibilidade de apresentar como candidatas oito manequins e actrizes de telenovelas.

Mas há mais. As forças políticas que desde há trinta anos transformaram, em conjunto, o Velho Continente num grande mercado indefinidamente alargado a novos países, propõem de repente «uma Europa que proteja», «humanista», «social». Ora, se é verdade que os socialistas, liberais e conservadores se afrontam nas campanhas eleitorais, eles votam juntos na maior parte dos escrutínios do Parlamento Europeu. E dividem entre si os lugares de comissários – seis dos quais atribuídos aos sociais-democratas, encarregados, designadamente, da fiscalidade, da indústria, dos assuntos económicos e monetários, do emprego, do comércio. O medo do confronto e a despolitização das grandes questões favorecem a renovação indefinida deste bloco governante, que vai «de um centro-direita esponjoso a um centro-esquerda amolecido, passando por uma coligação liberal insossa» [3].

Poderá uma tal ausência de alternância garantir o lugar de José Manuel Durão Barroso na chefia desta atrelagem cujo balanço é mais do que medíocre? «Ele fez um excelente trabalho, faço questão de dizer claramente que nós o apoiaremos», declarou o primeiro-ministro trabalhista britânico, Gordon Brown. O socialista espanhol José Luis Zapatero disse a mesma coisa: «Eu apoio o presidente Barroso». É verdade que Brown e Zapatero têm o mesmo programa, o do Partido Socialista Europeu (PSE). Ao qual também pertence Martine Aubry. «A Europa que eu quero», preveniu a dirigente francesa, «não é uma Europa dirigida por Barroso com os seus amigos Sarkozy e Berlusconi». Os eleitores que percebam tudo isto…

sexta-feira 5 de Junho de 2009

Le Monde Diplomatique

Miguel Portas diz-se “confiante” e “tranquilo”

O candidato do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu manifestou-se hoje confiante num bom resultado nas eleições dizendo-se “tão tranquilo quanto convicto das propostas que apresentou”.

“As expectativas deixo-as aos eleitores mas estamos confiantes não tanto por causa das sondagens mas pelo contacto mantido com a população a ouvir os seus problemas, dores, indignações e por vezes receios”, frisou.

Miguel Portas, que falava no final de uma visita ao centro de artesanato da Adere-Minho, Associação de Desenvolvimento Regional do Minho, em Soutelo, Vila Verde, frisou que o próximo Parlamento Europeu terá de enfrentar problemas importantes como o da crise da economia e com todos os problemas relacionados com o controle sistema financeiro, a fiscalidade à escala europeia e o reforço dos próximos orçamentos comunitários.

“São assuntos indispensáveis para se saber se vamos sair da crise com uma Europa mais injusta, ou se vamos encontrar os recursos onde eles se encontram em quem não paga impostos”, assinalou, frisando que “o papel do BE é o de se bater por esta segunda escolha”.

Acrescentou que tal como no mandato anterior de eurodeputado dará muita atenção à presença da União Europeia na cena internacional em particular para “prevenir guerras e não para alimentar guerras preventivas”.

Sobre a visita à Adere-Minho, guada pelos dirigentes José Manuel Barbosa e Teresa Costa lembrou que a campanha do BE começou no interior do país e termina numa associação de desenvolvimento local: “ainda há dias numa feira de Matosinhos um artesão veio ter comigo e pediu-me para eu pensar nos artesão precários nos pequenos ou muito pequenos empresários, que, no fundo, têm uma vida tão precária como a dos assalariados, os jovens em estagio, à experiência ou em falso recibo verde”.

“Esta associação traduz uma resposta prática à instabilidade que o artesão vive há muito tempo porque significa a capacidade de se organizarem com outros artesãos, beneficiando de forma cooperativa de um conjunto de serviços que acabam por viabilizar a sua actividade“, frisou.

Lusa

Objectivo do BE é que PS fique “suficientemente longe da maioria absoluta”

05.06.2009 – 19h17 Lusa, PÚBLICO

O cabeça-de-lista do BE às europeias apontou hoje como objectivo do partido que o PS fique “suficientemente longe da maioria absoluta”, caracterizando os bloquistas como parte de um “projecto de grande convergência política em construção à esquerda”.

“O nosso objectivo é que PS fique suficientemente longe da maioria absoluta já nestas eleições europeias, para que todo o povo perceba que podemos pôr fim daqui a uns meses à maioria absoluta que temos tido”, afirmou Miguel Portas, em declarações aos jornalistas em Guimarães, no final da última arruada da campanha do BE. Por isso, frisou, é que ninguém se pode demitir de ir votar no próximo domingo, “para dizer a José Sócrates que se acabou a arrogância da maioria absoluta”.

Fixando como adversário do BE o PS e o PSD, Miguel Portas considerou que ficar à frente da CDU nas eleições para o Parlamento Europeu “não é uma questão particularmente relevante”. A pouca horas do fim da campanha eleitoral para as eleições de domingo o candidato do BE disse ainda que o partido é “parte de um projecto em construção, um projecto de grande convergência política em construção à esquerda”.

Um projecto que, continuou ainda Miguel Portas, “vai até aos socialistas que têm discordado com a governação que temos tido, a um projecto que abrange seguramente o povo que tem votado no PCP, um grande projecto com ambição maioritária para a sociedade portuguesa”.
Apesar disso, o candidato manifestou-se hoje confiante num bom resultado nas eleições dizendo-se “tão tranquilo quanto convicto das propostas que apresentou”. “As expectativas deixo-as aos eleitores mas estamos confiantes não tanto por causa das sondagens mas pelo contacto mantido com a população a ouvir os seus problemas, dores, indignações e por vezes receios”, frisou.
Miguel Portas, que falava no final de uma visita ao centro de artesanato da Adere-Minho, Associação de Desenvolvimento Regional do Minho, em Soutelo, Vila Verde, frisou que o próximo Parlamento Europeu terá de enfrentar problemas importantes como o da crise da economia e com todos os problemas relacionados com o controle sistema financeiro, a fiscalidade à escala europeia e o reforço dos próximos orçamentos comunitários.
Acrescentou que tal como no mandato anterior de eurodeputado dará muita atenção à presença da União Europeia na cena internacional em particular para prevenir guerras e não para alimentar guerras preventivas”.

Em ano de legislativas, o bloquista assumiu mesmo que «o objectivo é que o PS fique suficientemente longe da maioria absoluta já nas europeias»: «Para que o povo perceba que podemos pôr fim à maioria absoluta daqui a uns meses».

Nas ruas de Guimarães, Miguel Portas cumprimentou uma mulher que desconhecia os bloquistas: «Quem são os senhores?». O cabeça-de-lista apresentou-se, apresentou Francisco Louçã e fez questão de explicar como votar neles, recorrendo ao símbolo do partido que irá aparecer no boletim de voto: «Somos a estrelinha com uma cabeça.»

Miguel Portas deixou ainda uma mensagem aos indecisos: «Uma jovem veio ter comigo no Porto e disse-me: quis estar aqui porque acredito no que dizem e no modo como denunciam as injustiças, o desemprego, as desigualdades. Mas acima de tudo quero continuar a acreditar que na política há pessoas coerentes, capazes de fazer o que pensam.»

«Esta é uma mensagem importante para quem diz que os políticos são todos iguais. Não são. Não se demitam de ir votar», concluiu.

Antes, o cabeça-de-lista do BE esteve na ADERE Minho, uma associação onde falou com os trabalhadores e incentivou a produção artesanal. Esta noite, o Bloco encerra a campanha com um comício em Braga. Acompanhe tudo aqui link externo e aqui link externo.

Louçã alerta para “fraudes patronais” em empresas com lucros, mas onde salários não são pagos
05.06.2009 – 13h02 Lusa

O líder do BE, Francisco Louçã, alertou hoje para as “fraudes patronais” existentes em muitas empresas, que têm lucros, exportam e vendem os produtos, mas não pagam os salários aos trabalhadores.
O alerta foi feito durante uma visita de Francisco Louçã ao piquete de greve da corticeira Facol, em Lourosa, onde as mais de 50 trabalhadoras estão sem receber os salários desde há 7 meses e metade delas está em “lay-off”.

“É uma situação dramática”, sublinhou o líder do BE, alertando também para a situação das trabalhadoras que estão em lay-off desde Fevereiro e em relação às quais a Segurança Social “deveria ter tido a obrigação de responder por parte dos salários”.

Ou seja, sublinhou o líder do BE, “há uma dupla irresponsabilidade” nestas “fraudes patronais” com empresas que tem lucros, exportam, vendem os produtos e produzem, mas não pagam os salários e, por outro lado, a “irresponsabilidade do Governo”, que não tem uma capacidade de intervenção directa.
“A Segurança Social deve proteger os trabalhadores”, insistiu Francisco Louçã, criticando ainda as desigualdades de salários entre homens e mulheres, “situação que não é possível aceitar”.

Está na hora

Ninguém é juiz em causa própria, e eu certamente não sou. Mas participei nesta campanha do Bloco de Esquerda com entusiasmo, porque é agora que é preciso começar a vencer as políticas absolutistas, que provocam desemprego e precariedade. E apelo agora a que cada um e cada uma diga de sua justiça no domingo. Se a abstenção ou o voto nulo é um voto em Sócrates, a opinião de cada pessoa é a única forma de assumir responsabilidade no país e na Europa. Vamos a isso?

Bloco

Francisco Louçã

Louçã sente «carinho» por Rangel e Vital

Francisco Louçã analisou as sondagens dos últimos dias, que asseguram a eleição do segundo eurodeputado do BE, para concluir que o partido tem de «medir resultados» com «os dois partidos que têm dirigido o país».

«Não nos vamos comparar a nenhum outro», garantiu, sem nunca referir a CDU, que na última sondagem da Universidade Católica até supera os bloquistas, ou o CDS-PP.

Ironizando que «esta campanha trouxe o que de melhor há no PS e no PSD», Louçã reconheceu «algum carinho» pelo que Paulo Rangel e Vital Moreira têm feito.

Acompanhe os nossos repórteres na campanha num blog especial link externo

«Paulo Rangel resumiu-se numa canção de um pequeno grupo de jovens que o acompanha. Imaginem-no a saltar da cama, com a sua t-shirt laranja, e a cantar ninguém pára o Rangel¿», brincou.

Quanto a Vital Moreira, o líder bloquista recordou que o socialista se auto-denominou «Vital luminoso» ao colocar um colete reflector. «Já que José Sócrates começou a campanha a falar espanhol, comento: mas que guapo!», prosseguiu.

Francisco Louçã também não se esqueceu de Cavaco Silva, a quem agradeceu «as explicações sobre as acções da SLN», porque elas próprias são «uma razão para votar no Bloco».

Já Miguel Portas apresentou-se bastante confiante num bom resultado no próximo domingo, assegurando que «o Bloco está pronto!». «Não me lembro de ter participado numa campanha com tanta gente a dar-nos força e a afirmar a sua vontade de ir votar para dizer o que lhes vai na alma», desabafou.

Para o cabeça-de-lista do BE às europeias, «há muita gente neste país que se está a levantar», referindo-se «muito particularmente aos professores que souberem unir-se e sair à rua».

Fonte: Tvi24