Morais Sarmento desmente acusações de pressões de Henrique Granadeiro


Apelidando sucessivamente o actual chairman da PT como “insuspeitíssimo dr. Henrique Granadeiro”, o antigo ministro da Presidência social-democrata desconstruiu a tese que Henrique Granadeiro levou à comissão de Ética de que Morais Sarmento o pressionou para demitir os jornalistas José Leite Pereira, director do Jornal de Notícias, Pedro Tadeu, director do 24Horas, e Joaquim Vieira da Grande Reportagem. “Perante essa intromissão eu demiti-me,”, disse então, apontando, directo, o nome de Morais Sarmento.

Em resposta ao deputado socialista Manuel Seabra, o antigo governante do executivo de Durão Barroso e Santana Lopes afirmou que ele e Granadeiro falaram apenas uma vez quando o primeiro era ministro da Presidência. “Seria impossível, por isso, ter havido um conjunto de pressões e de ataques políticos.”

Além disso, realçou Morais Sarmento, Granadeiro cessou funções na Lusomundo Media em 2004 e José Leite Pereira assumiu funções de director do Jornal de Notícias em 2005. “É impossível alguém ser demitido de funções que não exercia sequer.” E disse também que Henrique Granadeiro “nunca se demitiu. Antes houve uma decisão da Lusomundo Media e Henrique Granadeiro assumiu funções na holding.”

“Que credibilidade tem alguém que, confrontado com aquilo que classifica como a pressão mais grave que sofreu na vida, não a revelou, não a tornou pública? Só por esquecimento ou por cobardia, que não vejo uma terceira justificação”, declarou Nuno Morais Sarmento.

Contou que a única conversa que teve com Henrique Granadeiro aconteceu já quando este último estava de saída da Lusomundo Media para a PT – uma “promoção”, considerou Morais Sarmento. “Por insistência de Miguel Horta e Costa [então presidente da PT], tivemos uma conversa de seis horas e meia no gabinete da presidência, disse-lhe tudo o que pensava sobre a maneira como comandara a Lusomundo Media, e ele disse tudo o que pensava.” No final dessa conversa, Granadeiro ter-lhe-á dito: “Nunca ninguém teve uma conversa tão dura comigo nem tão frontal, respeito-o por isso.” Morais Sarmento critica: “Afinal era um respeito um bocado ressabiado, como vimos agora.”

Morais Sarmento acusou sucessivamente as declarações de Granadeiro como sofrendo de “absoluta falta de sentido” tanto as que se referiam a 2004 como aquelas sobre os timings do desenvolvimento do negócio PT-TVI, em Junho passado. “Não houve sequer uma contradição de datas, foi uma contradição insanável de conteúdos”, apontou Morais Sarmento sobre as declarações de Granadeiro acerca dos acontecimentos de Junho.

Central de comunicação copiava a dos Açores
Questionado pelo PS sobre a polémica central de comunicação que o PSD pretendeu em tempos instituir, Morais Sarmento acusou o deputado Manuel Seabra de não ter “feito o trabalho de casa, o que permitiria evitar uma situação confrangedora”.

O antigo ministro da Presidência social-democrata contou que o diploma para a criação de um gabinete coordenador da informação foi do tempo de Pedro Santana Lopes, e que “era um decalque do mesmo gabinete que o Governo Regional dos Açores mantinha à época, e que ainda hoje existe, e cuja ideia surgiu numa visita do Governo da República à região autónoma”.

Nuno Morais Sarmento disse ainda não acreditar que o Governo não tivesse conhecimento do processo negocial entre a PT e a TVI. “Seria impossível um primeiro-ministro não conhecer uma projectada compra de uma televisão por aquela que é a maior empresa, e da qual tem a golden share, considerou. “Não acredito que os administradores nomeados pelo Governo sejam incompetentes ou irresponsáveis – não tenho deles essa opinião e recordo a sua posição responsável e profissional no momento da OPA – e não comuniquem um negócio estruturante como este.”

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