A democracia não é um estado de alma. É uma coisa com regras claras. Marques Mendes, José Eduardo Moniz, o “Correio da Manhã”, Eduardo Cintra Torres, José Manuel Fernandes, Manuela Moura Guedes e Mário Crespo têm razão: José Sócrates perdeu qualquer credibilidade e tem de sair do poder.
Com todo o rigor, com toda a objectividade, José Sócrates não tem condições para ser primeiro-ministro. José Sócrates, como disse logo o Expresso, mentiu ao Parlamento no Verão (caso PT/TVI) . Agora, o trabalho do “Sol” dá substância a essa falta de respeito do primeiro-ministro pelo país e pelo parlamento. Aquilo que é ali relatado é grave demais para fingirmos que não existe.
José Sócrates só tinha uma saída: dizer que o “Sol” tinha fabricado mentiras, ou seja, Sócrates tinha de dizer que aqueles factos não eram verdade. Ora, José Sócrates não negou os factos, e, como sempre, atacou os jornalistas. Atacou o mensageiro do mal, em vez de atacar e explicar o mal. Sócrates, de forma ilegítima e perante o silêncio inacreditável das elites de “Lesboa”, está a refugiar-se na lengalenga da vida privada. Isso é uma farsa. Não estamos a falar da vida amorosa e familiar de José Sócrates. Isso é que é vida privada. Estamos a falar de factos que comprovam que o primeiro-ministro tentou, de forma totalmente inaceitável, controlar grupos de comunicação social. Isto é vida pública, meu caro Dr. Sócrates.
A democracia não é brincadeira. Tem regras. Regras objectivas. E José Sócrates rasgou por completo essas regras. Mentiu ao Parlamento (primeira regra quebrada). Tentou, de várias formas, condicionar os media (segunda regra quebrada). Quando foi apanhado em falso, recusou prestar esclarecimentos transparentes sobre o sucedido, não percebendo que um primeiro-ministro não pode ser uma figura opaca (terceira regra quebrada). José Sócrates não tem condições para ser primeiro-ministro. Quando fez 1% daquilo que Sócrates já fez, Santana Lopes foi (e bem) para a rua. Pensem nisso.