“Medo” no PS (e no PX, no PY ou no PZ…) – Sérgio Andrade


Causou sensação o facto de, numa reunião de militantes do PS, um deles ter referido que existia medo socrateszno interior do partido. Houve quem desse grande ênfase ao sucedido, o que se explicará pela circunstância de a alarmante palavra «medo» ter sido pronunciada por um «histórico». Fosse outro qualquer, e não Edmundo Pedro, e talvez não se tivesse verificado tanto sobressalto fora (e dentro, se calhar…) do PS.

Sucede que, no seguimento, outro socialista digno desse nome, Manuel Alegre, disse a mesmíssima coisa. Mas esse já não foi tão vago, esclareceu que «não é um medo como havia na ditadura, mas o medo ditado pelo carreirismo».

E aqui estamos nós no cerne da questão! A palavra «medo» apareceu no devido contexto e, como tal, não devem os socialistas preocupar-se com o incidente. De facto, não há que ter medo de ser militante do PS, ou de votar no PS, ou de ir às manifestações públicas do PS. O «medo» existe, na realidade, mas só atinge um número relativamente pequeno de quem se identifica com o PS. Estamos perante um «medo» que reina em todos os outros partidos, nomeadamente os que têm representação parlamentar, e sobretudo os que aspiram a ser Governo, no todo ou em parte.

Obviamente, estou a falar na coorte de ambiciosos, de interesseiros, de oportunistas, de bajuladores, de chicos-espertos que sempre pairam em redor do poder e o incensam, à espera de colher os devidos frutos. Há os que querem ser ministros ou deputados, presidentes de câmaras ou membros de conselhos de administração, arranjar jobs para si mesmos ou para os seus boys, etc., etc..

Ora, como Manuel António Pina referiu aqui no JN, estando nós num sítio que passou de «país de partido único» a «país de partidos únicos», bem se compreende que os respectivos líderes acabem reeleitos quase que por aclamação. Porque, em maior ou menor escala, eles são o poder, eles é que escolhem governantes e deputados, autarcas e administradores. Logo, há que demonstrar que se está com eles, por «medo» de se perder o tacho, ou por «medo» de nunca se chegar a meter também a mão no tacho…

In J.N.

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